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"EMPREGO DOS SONHOS"
Setor movimenta R$ 100 mi por ano só na esfera federal; cresce ganho de editoras, cursinhos e gráficas
Governo Lula aquece indústria de concursos
MARCELO PINHO
DO PAINEL S.A.
O governo Lula tem sido um
grande aliado dos setores envolvidos em concursos públicos. De
2003 para cá, cursinhos preparatórios, editoras especializadas,
gráficas e institutos que elaboram
e aplicam as provas tiveram, em
média, 50% de aumento anual na
receita obtida com os concursos.
A explicação para esse aumento
no faturamento pode ser observada pela quantidade de servidores
públicos contratados desde o começo do governo Lula. Em 2002,
último ano da gestão FHC, o país
tinha 501.662 servidores civis na
esfera federal. Até agosto de 2004,
esse número passou para 539.876,
um aumento de 7,62%.
Para preencher essas vagas, o
volume de concursos públicos,
naturalmente, precisou crescer.
No Cespe (Centro de Seleção e de
Promoção de Eventos) da UnB
(Universidade de Brasília), maior
realizador de concursos federais
do país, o número de concursos
realizados saltou de 41 em 2002
para 100 no ano passado, um aumento de 144%.
Segundo Romilda Macarini, diretora do Cespe, um grande concurso, como o da Polícia Rodoviária Federal, pode custar até R$ 4
milhões.
"Para realizar um concurso desses, em centenas de cidades, chegamos a mobilizar até 39 mil pessoas", conta.
De acordo com números da recém-criada Anpac (Associação
Nacional de proteção e Amparo
aos Concursos), o setor (editoras,
gráficas, cursos etc.) movimenta
cerca de R$ 100 milhões por ano,
somente na esfera federal. Não há
cálculos precisos que incluam os
concursos realizados anualmente
por Estados e municípios.
Cursos
Ainda de acordo com a Anpac,
criada para disciplinar o setor e
aumentar a transparência dos
concursos, há cerca de cem cursos
preparatórios espalhados por Rio
de Janeiro, São Paulo e Brasília.
Alguns desses chegam a ter 17 mil
alunos inscritos. O faturamento
de um curso como esses pode
chegar a R$ 15 milhões por ano.
A rentabilidade dos cursos também comprova o bom momento
que vive o setor com a grande
oferta de vagas no serviço público. "Nós tivemos aumento de
quase 60% no faturamento no governo Lula. Esse é o melhor momento vivido pelo curso", comemora José Luis Romero, diretor
de recursos humanos, da Central
de Concursos de São Paulo. No
ano passado, o curso, com mais
de 5.000 alunos, faturou cerca de
R$ 4 milhões.
O bom momento também pode
ser notado na Academia do Concurso Público, no Rio. Segundo o
diretor Fábio Gonçalves, anualmente, "o curso cresce cerca de
40%, no mínimo. Devemos ter
hoje cerca de 150 mil a 200 mil alunos inscritos em cursos preparatórios em todo o país".
Com cerca de 17 mil alunos matriculados, a Academia do Concurso cobra R$ 1.400 por um curso completo para a área fiscal,
uma das mais procuradas.
Livros
Para abastecer essa massa de
alunos, o mercado editorial descobriu um filão há cerca de cinco
anos. Para o presidente da editora
Campus Elsevier, Cláudio Rothmuller, a grande oferta de concursos cria uma atmosfera propícia
para a editora investir no segmento de livros para concursos.
"O cursinho não substitui a necessidade do candidato comprar
livros. Sem dúvidas, o segmento
tem um grande potencial de crescimento", disse o presidente da
editora, que recentemente adquiriu duas coleções, com 45 títulos
ao todo, da editora Impetus, especializada em livros para concursos públicos.
Sem falar em valores, o presidente da Campus Elsevier diz que
a participação do segmento no total de vendas da editora varia de
5% a 10%.
A entrada de editoras do porte
da Campus anima outros concorrentes menores. Para Ricardo
Ferreira, dono da Editora Ferreira, a chegada de grandes competidores traz mais atenção ao setor.
"Nós tivemos um crescimento de
50% nas vendas em 2004. Para este ano, acreditamos que esse aumento possa chegar a 70%."
Com 50 títulos lançados, Ferreira, que também é autor de livros
especializados, afirma pretender
dobrar essa quantidade em 2005.
Gráficas
Os ganhos com o crescimento
da indústria do concurso público
não fica restrito aos cursos e editoras. Gráficas também viram o
movimento crescer nos últimos
dois anos.
Na gráfica Imprinta, no Rio de
Janeiro, que imprime livros e
apostilas para quatro grandes
cursos do Rio e de São Paulo, o faturamento com os concursos
cresceu 40% no ano passado.
"Pelo menos nisso, o Lula está
ajudando a gente", diz Francisco
Lopes, dono da gráfica, que
anualmente imprime cerca de 30
mil apostilas para concursos, ao
custo médio de R$ 3 cada uma.
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