São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2005

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RETOMADA

Associação do setor estima total de US$ 764 mi em embarques ao exterior; números oficiais serão divulgados nesta semana

Exportações de plásticos aumentam 22% em 2004

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um processo inédito de "substituição de exportação" deve expandir em 22% as vendas externas da indústria do plástico em 2004. O setor está na ponta da cadeia produtiva petroquímica -são as chamadas empresas da terceira geração da cadeia- e historicamente sempre dependeu da demanda interna.
Segundo estimativa da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), os embarques devem ter totalizado US$ 764 milhões. Os números oficiais serão divulgados nesta semana. "Nunca houve um crescimento dessa proporção nas nossas exportações", afirma Francisco Salazar, responsável pela área de comércio exterior da Abiplast.
O que está permitindo a internacionalização de pequenos fabricantes de sacolas plásticas, filmes de polietileno, embalagens, utilidades domésticas, autopeças e outros itens é a concentração de esforços de toda a cadeia petroquímica para reduzir a dependência dos transformadores plásticos do mercado interno.
Da Petrobras aos fabricantes de nafta (primeira geração petroquímica) e resinas (segunda geração) há um esforço no sentido de ajudar a abrir mercado para os manufaturados plásticos no exterior.
"Antes a Braskem exportava resinas para a China, que fabricava brinquedos e vendia para os EUA e até para o Brasil", diz Alexandrino de Alencar, vice-presidente da empresa. "Agora, o esforço é para aumentar a exportação de produtos de maior valor agregado", acrescenta.
Para se ter idéia do ganho, o valor agregado à sacola plástica que é exportada por uma pequena empresa do Paraná, a Arauplast, por exemplo, é dez vezes maior do que o dos produtos petroquímicos das empresas da primeira geração da cadeia (que transforma a nafta e o gás natural em eteno, butano, benzeno, propeno, etileno e outros gases).
No ano passado, a Arauplast exportou 30% da sua produção -em 2003 esse percentual fora de 20%, segundo Celso Gusso, proprietário da empresa. Com 180 trabalhadores, a indústria localizada em Curitiba está investindo em modernização da produção para entrar no mercado europeu.
Ela é uma das cem participantes do Export Plastic, programa de incremento à exportação, lançado no ano passado, numa parceria do Instituto Nacional do Plástico com a Apex (Agência de Promoções de Exportações do Brasil) e que tem o apoio da Abiplast e da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química).
Além de gerar mais dólares exportando produtos acabados em vez de resina, a internacionalização das empresas da terceira geração petroquímica ajuda a reduzir a ociosidade do setor e empurra toda a cadeia produtiva para a frente, segundo Wagner Delarovera Pinto, gerente executivo do Export Plastic.

Empurrão
O programa começou a ser desenhado em 2002 quando a indústria de transformação plástica amargava uma ociosidade de 32%. A ponta da cadeia produtiva havia emperrado na recessão interna enquanto seus fornecedores, a segunda geração petroquímica, investia para ampliar sua produção.
O risco era a terceira geração não conseguir absorver o aumento de produção que viria com a entrada em operação da Rio Polímeros (540 mil toneladas/ano de polietileno) e a expansão da Poli Brasil (mais 100 mil toneladas/ano) e da Braskem, em Paulínea, (300 mil toneladas/ano).
Com o crescimento da economia, em 2004, esse fantasma foi afastado. "Se o PIB [Produto Interno Bruto] cresce 5%, o consumo de plástico cresce duas a três vezes essa expansão", diz Delarovera. Mesmo assim, o setor não quer depender do mercado local. "Queremos dar saltos e fortalecer a cadeia produtiva", diz.

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