São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 2007

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Bolívia nomeia radical para chefiar estatal de gás

Escolha de nome para a YPFB ignora regulamento

FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente boliviano, Evo Morales, ignorou as exigências do regulamento da estatal YPFB e escolheu um militante de seu partido, o MAS (Movimento ao Socialismo), para dirigir a empresa de gás e petróleo. A escolha de Manuel Morales Olivera, tido como inexperiente e radical, ocorre num momento em que a Bolívia volta a endurecer as negociações com a Petrobras.
Morales, 41, estava na YPFB como assessor da presidência desde o começo do governo Morales, há um ano, até dezembro, quando saiu por divergências com o então presidente da estatal, Juan Carlos Ortiz, que assumira a estatal em agosto.
Ex-gerente da Petrobras na Bolívia, Ortiz defendia posições mais moderadas com relação às petroleiras e era contra o aparelhamento da estatal.
Com a empresa brasileira, por exemplo, chegou a um consenso em dezembro de que a negociação sobre o reajuste do gás exportado ao Brasil seria deixada de lado em troca de uma agenda de investimentos.
O presidente Morales desautorizou esse acordo ao defender que a Petrobras pague pelo menos o mesmo que a Argentina, US$ 5 por milhão de BTU (unidade térmica britânica). A empresa brasileira paga cerca de US$ 4,3 por milhão de BTU.
A Petrobras ainda se prepara para negociar medidas recentes que dão poder ao governo Morales para determinar às empresas produtoras, como a Petrobras, o volume de produção do combustível e a quem deve ser entregue.
O objetivo das novas medidas é assegurar o cumprimento de um acordo recém-assinado com a Argentina, no qual prevê a exportação de 7,7 milhões de metros cúbicos diários para este ano e 27,7 milhões de metros cúbicos a partir de 2010.
Para a empresa brasileira, essas medidas têm caráter "expropriatório" e podem afetar a exportação de gás ao Brasil.
A nomeação de Morales desrespeita o artigo 24 do regulamento interno da YPFB, segundo o qual o presidente tem de ser "profissional de comprovada experiência não menor do que dez anos e ter reconhecida capacidade executiva".
Morales Olivera se define como "ativista de esquerda". Antes, além da militância política no MAS, administrava uma gráfica da família. Começou três cursos, ciência política, sociologia e comunicação social, mas não concluiu nenhum.
No MAS, tem o respaldo do pai, Manuel Morales Dávila, candidato derrotado ao governo de La Paz e importante ideólogo do partido de Morales.

Refinarias
O ministro dos Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, disse ontem que a YPFB assumirá até maio as empresas que, pelo decreto de nacionalização, têm de reestatizadas, entre as quais as duas refinarias da Petrobras.


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