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Bolívia nomeia radical para chefiar estatal de gás
Escolha de nome para a YPFB ignora regulamento
FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente boliviano, Evo
Morales, ignorou as exigências
do regulamento da estatal
YPFB e escolheu um militante
de seu partido, o MAS (Movimento ao Socialismo), para dirigir a empresa de gás e petróleo. A escolha de Manuel Morales Olivera, tido como inexperiente e radical, ocorre num
momento em que a Bolívia volta a endurecer as negociações
com a Petrobras.
Morales, 41, estava na YPFB
como assessor da presidência
desde o começo do governo
Morales, há um ano, até dezembro, quando saiu por divergências com o então presidente da
estatal, Juan Carlos Ortiz, que
assumira a estatal em agosto.
Ex-gerente da Petrobras na
Bolívia, Ortiz defendia posições
mais moderadas com relação às
petroleiras e era contra o aparelhamento da estatal.
Com a empresa brasileira,
por exemplo, chegou a um consenso em dezembro de que a
negociação sobre o reajuste do
gás exportado ao Brasil seria
deixada de lado em troca de
uma agenda de investimentos.
O presidente Morales desautorizou esse acordo ao defender que a Petrobras pague pelo
menos o mesmo que a Argentina, US$ 5 por milhão de BTU
(unidade térmica britânica). A
empresa brasileira paga cerca
de US$ 4,3 por milhão de BTU.
A Petrobras ainda se prepara
para negociar medidas recentes que dão poder ao governo
Morales para determinar às
empresas produtoras, como a
Petrobras, o volume de produção do combustível e a quem
deve ser entregue.
O objetivo das novas medidas
é assegurar o cumprimento de
um acordo recém-assinado
com a Argentina, no qual prevê
a exportação de 7,7 milhões de
metros cúbicos diários para este ano e 27,7 milhões de metros
cúbicos a partir de 2010.
Para a empresa brasileira, essas medidas têm caráter "expropriatório" e podem afetar a
exportação de gás ao Brasil.
A nomeação de Morales desrespeita o artigo 24 do regulamento interno da YPFB, segundo o qual o presidente tem de
ser "profissional de comprovada experiência não menor do
que dez anos e ter reconhecida
capacidade executiva".
Morales Olivera se define como "ativista de esquerda". Antes, além da militância política
no MAS, administrava uma
gráfica da família. Começou
três cursos, ciência política, sociologia e comunicação social,
mas não concluiu nenhum.
No MAS, tem o respaldo do
pai, Manuel Morales Dávila,
candidato derrotado ao governo de La Paz e importante ideólogo do partido de Morales.
Refinarias
O ministro dos Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, disse ontem que a YPFB assumirá até maio as empresas que, pelo decreto de nacionalização, têm de
reestatizadas, entre as quais as
duas refinarias da Petrobras.
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