São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

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Projeção de investimentos até 2012 recua 10,62%

BNDES prevê desembolsar até R$ 120,8 bi neste ano e diz que não tem como fiscalizar emprego; empréstimo em 2008 bate recorde

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

As previsões de investimento das empresas que atuam no país já mostram sinais de desaceleração. Levantamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) com base em informações das empresas mostra que os investimentos previstos para o período de 2009 a 2012 passaram de R$ 1,460 trilhão para R$ 1,305 trilhão de agosto a dezembro do ano passado, queda de 10,62%.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, minimizou o recuo. "Houve uma redução pequena dos planos de investimento para o tamanho do mercado", disse. Os números não incluem o plano estratégico da Petrobras divulgado há uma semana, que prevê investimentos de US$ 174,4 bilhões para o período de 2009 a 2013. Apesar disso, petróleo e infraestrutura são os setores que mostram mais fôlego, com manutenção do patamar. De modo geral, o ritmo de crescimento anual dos investimentos na indústria caiu de 14% a 9,8%. Setores como siderurgia, papel e celulose e petroquímica registraram adiamento dos planos.
Os segmentos que dependem mais do mercado interno, como eletroeletrônicos, também preveem perda de fôlego.
Coutinho afirmou que o crescimento da economia poderá ser maior do que o esperado pela média dos analistas. O prognóstico é que, no cenário de maior escassez de crédito no setor privado e concentração de empréstimos no BNDES, o banco poderia emprestar até R$ 120,8 bilhões em 2009. Coutinho ressaltou que consideraria favorável um patamar menor, caso ele fosse acompanhado pela volta do setor privado.

Questão de inteligência
Segundo o presidente do BNDES, o anúncio do governo de que o banco receberá R$ 100 bilhões para o período 2009-2010 indicou para o mercado que a instituição não terá problemas de "funding" neste ano e que haverá crédito disponível para o investimento de longo prazo. O governo afirmou que o empréstimo seria condicionado à manutenção de empregos, mas, segundo Coutinho, o banco não tem como fiscalizar caso a caso a oferta de vagas.
"O banco tem hoje 220 mil operações, 20 mil diretas e 200 mil indiretas. Em termos práticos, como vocês sabem, não há como controlar caso a caso nem seria inteligente fazer uma vinculação punitiva; ela poderia ser até contraproducente."
Para Coutinho, o saldo favorável de emprego é consequência do aumento dos investimentos. Ele ressaltou que o banco pretende aconselhar as empresas a não demitir. Questionado sobre as demissões em empresas das quais participa do conselho de administração, afirmou que a Constituição prevê um regime de livre iniciativa e que o banco não pode obrigar as empresas a manter o emprego. Afirmou que o banco estuda mecanismos afirmativos para estimular o emprego.
No ano passado, o BNDES emprestou R$ 92,2 bilhões, aumento de 42% em relação a 2007. As aprovações somaram R$ 121,4 bilhões, alta de 23%. As consultas, que indicam a demanda do empresariado por novos empréstimos, fecharam o ano passado com alta de 39% e um total de R$ 175,8 bilhões.
Coutinho afirmou que os resultados mostram a capacidade do banco de atuar de forma anticíclica. No quarto trimestre, quando a economia começou a sentir os efeitos da crise, os desembolsos cresceram 34% e somaram R$ 30,8 bilhões.


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