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Projeção de investimentos até 2012 recua 10,62%
BNDES prevê desembolsar até R$ 120,8 bi neste ano e diz que não tem como fiscalizar emprego; empréstimo em 2008 bate recorde
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
As previsões de investimento
das empresas que atuam no
país já mostram sinais de desaceleração. Levantamento do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) com base em informações das empresas mostra que
os investimentos previstos para o período de 2009 a 2012
passaram de R$ 1,460 trilhão
para R$ 1,305 trilhão de agosto
a dezembro do ano passado,
queda de 10,62%.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, minimizou o
recuo. "Houve uma redução pequena dos planos de investimento para o tamanho do mercado", disse. Os números não
incluem o plano estratégico da
Petrobras divulgado há uma semana, que prevê investimentos
de US$ 174,4 bilhões para o período de 2009 a 2013. Apesar
disso, petróleo e infraestrutura
são os setores que mostram
mais fôlego, com manutenção
do patamar. De modo geral, o
ritmo de crescimento anual dos
investimentos na indústria
caiu de 14% a 9,8%. Setores como siderurgia, papel e celulose
e petroquímica registraram
adiamento dos planos.
Os segmentos que dependem
mais do mercado interno, como eletroeletrônicos, também
preveem perda de fôlego.
Coutinho afirmou que o crescimento da economia poderá
ser maior do que o esperado pela média dos analistas. O prognóstico é que, no cenário de
maior escassez de crédito no
setor privado e concentração
de empréstimos no BNDES, o
banco poderia emprestar até
R$ 120,8 bilhões em 2009. Coutinho ressaltou que consideraria favorável um patamar menor, caso ele fosse acompanhado pela volta do setor privado.
Questão de inteligência
Segundo o presidente do
BNDES, o anúncio do governo
de que o banco receberá R$ 100
bilhões para o período 2009-2010 indicou para o mercado
que a instituição não terá problemas de "funding" neste ano
e que haverá crédito disponível
para o investimento de longo
prazo. O governo afirmou que o
empréstimo seria condicionado à manutenção de empregos,
mas, segundo Coutinho, o banco não tem como fiscalizar caso
a caso a oferta de vagas.
"O banco tem hoje 220 mil
operações, 20 mil diretas e 200
mil indiretas. Em termos práticos, como vocês sabem, não há
como controlar caso a caso
nem seria inteligente fazer uma
vinculação punitiva; ela poderia ser até contraproducente."
Para Coutinho, o saldo favorável de emprego é consequência do aumento dos investimentos. Ele ressaltou que o
banco pretende aconselhar as
empresas a não demitir. Questionado sobre as demissões em
empresas das quais participa
do conselho de administração,
afirmou que a Constituição
prevê um regime de livre iniciativa e que o banco não pode
obrigar as empresas a manter o
emprego. Afirmou que o banco
estuda mecanismos afirmativos para estimular o emprego.
No ano passado, o BNDES
emprestou R$ 92,2 bilhões, aumento de 42% em relação a
2007. As aprovações somaram
R$ 121,4 bilhões, alta de 23%.
As consultas, que indicam a demanda do empresariado por
novos empréstimos, fecharam
o ano passado com alta de 39%
e um total de R$ 175,8 bilhões.
Coutinho afirmou que os resultados mostram a capacidade
do banco de atuar de forma anticíclica. No quarto trimestre,
quando a economia começou a
sentir os efeitos da crise, os desembolsos cresceram 34% e somaram R$ 30,8 bilhões.
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