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TENSÃO PÓS-PALOCCI
Segundo analista, expectativa é cotação entre R$ 2,2 e R$ 2,3
Investidor estrangeiro reduz aposta na valorização do real
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O turbulento início de semana
levou os investidores estrangeiros
a enxugar suas apostas favoráveis
à apreciação do real. Ou seja, diminuiu a confiança estrangeira na
continuidade do processo de valorização da moeda brasileira
diante do dólar.
Ao cenário externo mais arisco
somou-se a crise que derrubou
Antonio Palocci Filho do comando do Ministério da Fazenda. Em
seu lugar, assumiu o ex-titular do
Planejamento Guido Mantega, recebido com cautela pelos investidores em um primeiro momento.
Analistas e investidores não
prevêem um período marcado
por profundas turbulências nos
próximos meses -como em
2002, quando o dólar bateu em R$
4,00. Mas ficou mais difícil de o
real seguir em alta, jogando o dólar para baixo dos R$ 2,10, como
muitos projetavam no começo
deste mês.
Ontem, o dólar fechou a R$
2,214 -alta de 0,23%.
O encolhimento das posições
vendidas em dólar dos estrangeiros na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) ilustra a nova expectativa desse segmento de investidores em relação ao futuro
do real.
De US$ 10,13 bilhões na sexta-feira passada, essas posições caíram para US$ 8,29 bilhões anteontem na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), nível de novembro passado -quando a valorização do real se acelerou.
No começo de março, quando
muitos analistas esperavam que o
dólar caísse abaixo de R$ 2,10, as
posições vendidas líquidas dos estrangeiros chegaram ao topo: US$
13,76 bilhões.
A queda das posições vendidas
em dólar é sinal de que os investidores estão mais confiantes na
apreciação da moeda norte norte-americana. E vice-versa.
Roberto Padovani, economista
da consultoria Tendências, afirma que há pouco tempo "a discussão era sobre o dólar oscilando
entre R$ 2,00 e R$ 2,20. Agora, esse intervalo mudou para R$ 2,20 e
R$ 2,30".
Padovani diz que "o fato de o
prêmio de risco ter subido nos últimos dias mostra que diminuiu
um pouco o apetite por Brasil".
De 216 pontos no começo do mês,
o risco-país brasileiro chegou ao
fim dos negócios de ontem marcando 235 pontos.
Menor tensão
Mas a manutenção de Henrique
Meirelles na presidência do Banco Central ajudou a diminuir a
tensão dos investidores ontem.
A Bolsa de Valores de São Paulo
operou em alta durante todo o
pregão de ontem e encerrou a jornada na pontuação máxima do
dia, registrando uma valorização
de 2,21%.
Anteontem, a Bolsa paulista havia caído 2,55%.
"No âmbito doméstico, especificamente, os sinais de permanência da diretoria do BC podem
acalmar os ânimos", previa em relatório, emitido na manhã de ontem, o departamento econômico
do Bradesco.
Preocupações externas
Além da crise que provocou
mudanças no Ministério da Fazenda, o cenário externo menos
favorável também tem tido importante peso no desempenho
mais fraco do mercado doméstico. Enquanto os investidores temerem os riscos de possíveis elevações consistentes nas taxas de
juros dos principais países desenvolvidos, os ativos de emergentes,
como o Brasil, tendem a sofrer
bruscas oscilações.
"Mas estamos longe de entrarmos em uma crise. A liquidez internacional ainda é favorável, e os
fundamentos econômicos do
Brasil melhoraram muito", afirma Padovani.
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