São Paulo, sexta-feira, 30 de março de 2007

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Varig quer mais prazo para rotas externas

Presidente da Gol, que adquiriu aérea, afirma que vôos internacionais podem ser retomados em 12 meses; prazo atual vence em junho

Paulo Whitaker/Reuters
O presidente da Gol, Constantino Júnior, na entrevista em que detalhou a compra da Nova Varig


MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Gol, Constantino Júnior, afirmou ontem que a Varig deve retomar a operação de suas linhas internacionais em 12 meses e que a companhia pedirá à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), órgão regulador do setor, a prorrogação do prazo para isso ocorrer, que é junho próximo.
O executivo declarou que a Varig adotará o modelo "low cost" (baixo custo) nos vôos internacionais e que seus custos serão reduzidos, o que permitirá tarifas promocionais nos vôos domésticos. "Vamos iniciar agora tratativas com empresas de leasing para compor a frota da Varig". A intenção é dobrar o número atual de aviões (de 17 para 34).
Ele não descartou a possibilidade de a Varig ter uma frota mista, ou seja, contar também com aviões da francesa Airbus -a frota da Gol é toda formada por aeronaves Boeing.
A Varig tem autorização para voar para pelo menos 15 destinos internacionais -Los Angeles, Nova York, Santiago, Londres e Paris entre eles-, mas o prazo para a empresa retomar esses vôos, sob pena de perdê-los, expira em três meses.
Nesse período, na avaliação de analistas, seria difícil conseguir aviões, devido ao crescimento da aviação no mundo todo. Além disso, a companhia teria que treinar pilotos e comissários. "As empresas estão desesperadas por aviões, e hoje a oferta não é suficiente. Por outro lado, a Gol é a empresa aérea mais lucrativa do mundo. Todo mundo quer fazer negócio com ela", analisou um executivo do mercado de leasing.
Segundo a Folha apurou, na Anac, a avaliação é que a companhia aérea deve conseguir prorrogação para pelo menos parte das linhas, já que o presidente Lula deu todos os sinais de apoio político ao negócio.
A companhia já informou que não haverá primeira classe nos vôos internacionais da Varig. "A idéia é que o serviço de bordo seja focado no conforto e praticidade, sem luxo, caviar ou champanhe", disse Júnior.
Em tom de brincadeira, o presidente da Gol afirmou que, para os vôos internacionais, a Varig vai oferecer "uma barrinha de cereal de 1 kg".
A Gol tem uma encomenda de 121 aviões com a Boeing. Júnior disse que não está definido se alguns deles podem compor a frota da Varig no futuro.
Ele disse que os custos da Varig serão reduzidos -"temos condições de trazê-la para patamares competitivos"- e que isso deve permitir tarifas mais baixas nos vôos domésticos. "A Gol e a Varig competirão no mercado doméstico e em vôos para a América do Sul".
Como a expectativa é que a frota dobre de tamanho, o número de funcionários também deve quase dobrar, de acordo com o executivo. A prioridade nas contratações será dada aos funcionários que foram demitidas pela Varig "antiga".
Sobre o risco de a Gol herdar o passivo da Varig "antiga", ele afirmou que, no ano passado, quando a empresa foi dividida em duas e a "nova" companhia foi vendida sem dívidas, os credores concordaram com as condições do negócio. "A Gol entende que o negócio está livre de contaminação."
Segundo ele, a Gol optou por comprar a Varig agora, e não no ano passado, quando foi arrematada em leilão pela ex-subsidiária VarigLog, porque de lá para cá houve decisões judiciais avaliando que não há sucessão de dívidas. "A VarigLog teve todo o desgaste de negociação com os credores."
Ele não disse se a atual diretoria da Varig será mantida. Ontem, havia rumores de que o atual presidente, Guilherme Laager, não ficaria no cargo, o que foi negado pela empresa.


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