São Paulo, sexta-feira, 30 de março de 2007

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Negócio mostra que lei deu certo, diz juiz da recuperação judicial

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

Responsável pelo processo de recuperação judicial da Varig, o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 1ª Vara Empresarial do Rio, afirma que o aumento do limite de participação de empresas estrangeiras em aviação poderia estimular a concorrência. Para ele, a aquisição foi um sinal de que a lei de recuperação de empresas "deu certo".
Ayoub diz ainda que a ação que a "velha Varig" move contra a União por causa de defasagem tarifária pode resolver o problema do fundo de pensão Aerus. Leia entrevista à Folha.

 

FOLHA - Como o sr. avalia a aquisição da Varig pela Gol?
LUIZ ROBERTO AYOUB -
Vejo de forma positiva porque a Gol é empresa consolidada. Aumenta a possibilidade de recuperação mais rápida da empresa remanescente [a fatia da Varig que carrega dívidas e permanece em recuperação judicial]. Todos têm falado nos efeitos de concentração do mercado, mas sou mais otimista. Em paralelo, destaco que há necessidade de flexibilizar a questão da participação de capital estrangeiro. Acredito que significará um estímulo à concorrência. Não concordo com as críticas que dizem que isso é o capitalismo à brasileira. Isso apenas o tempo dirá.

FOLHA - Mas, com só duas empresas dominando o mercado doméstico, ainda teremos promoções?
AYOUB -
Daí a visão estratégica de aumentar a participação de capital estrangeiro, sem que isso represente maltratar a soberania nacional. Mas não podemos esquecer que a Varig tem 4% de fatia do mercado e isso não vai resultar em diferença substancial. A Gol pretende manter as duas empresas independentes, o que estimula de alguma forma a concorrência.

FOLHA - A "velha Varig" volta a voar neste ano?
AYOUB -
Ela apresenta o plano à Justiça hoje. Precisa de um determinado número de aviões para operar com uma margem mínima de lucro. Precisa de capital de giro porque operará no vermelho por alguns meses, assim como qualquer empresa que está nascendo.

FOLHA - Como fica o fundo de pensão dos funcionários, o Aerus?
AYOUB -
Há em curso uma ação no Superior Tribunal de Justiça importante para o destino da Varig remanescente e para o Aerus. Houve um tempo em que a ação de defasagem tarifária poderia salvar a Varig, mas não foi possível naquele momento. Agora essa mesma ação pode resolver o problema do Aerus. É uma situação grave, de caos social, milhares de pensionistas que da noite para o dia têm um decréscimo na renda.

FOLHA - Os compradores da "nova Varig" fizeram promessas que não se cumpriram, como contratar pessoal ou comprar 50 aviões. Como o senhor avalia essa administração?
AYOUB -
A participação dessas pessoas que hoje se despedem foi de extrema importância para que a Varig tenha conseguido se salvar, mas não havia avião no mercado. Se não tivessem tido tantas dificuldades, não teriam alienado a Varig agora. Quem comprou [a Gol] fez isso porque acredita na empresa. A lei deu certo. Quero ver agora a criação de empregos, uma promessa pela qual torci desde o início e acreditava que pudesse se fazer cumprir.


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