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Negócio mostra que lei deu certo, diz juiz da recuperação judicial
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Responsável pelo processo
de recuperação judicial da Varig, o juiz Luiz Roberto Ayoub,
da 1ª Vara Empresarial do Rio,
afirma que o aumento do limite
de participação de empresas
estrangeiras em aviação poderia estimular a concorrência.
Para ele, a aquisição foi um sinal de que a lei de recuperação
de empresas "deu certo".
Ayoub diz ainda que a ação
que a "velha Varig" move contra a União por causa de defasagem tarifária pode resolver o
problema do fundo de pensão
Aerus. Leia entrevista à Folha.
FOLHA - Como o sr. avalia a aquisição da Varig pela Gol?
LUIZ ROBERTO AYOUB - Vejo de
forma positiva porque a Gol é
empresa consolidada. Aumenta a possibilidade de recuperação mais rápida da empresa remanescente [a fatia da Varig
que carrega dívidas e permanece em recuperação judicial].
Todos têm falado nos efeitos
de concentração do mercado,
mas sou mais otimista. Em paralelo, destaco que há necessidade de flexibilizar a questão da
participação de capital estrangeiro. Acredito que significará
um estímulo à concorrência.
Não concordo com as críticas
que dizem que isso é o capitalismo à brasileira. Isso apenas o
tempo dirá.
FOLHA - Mas, com só duas empresas dominando o mercado doméstico, ainda teremos promoções?
AYOUB - Daí a visão estratégica
de aumentar a participação de
capital estrangeiro, sem que isso represente maltratar a soberania nacional. Mas não podemos esquecer que a Varig tem
4% de fatia do mercado e isso
não vai resultar em diferença
substancial. A Gol pretende
manter as duas empresas independentes, o que estimula de
alguma forma a concorrência.
FOLHA - A "velha Varig" volta a
voar neste ano?
AYOUB - Ela apresenta o plano
à Justiça hoje. Precisa de um
determinado número de aviões
para operar com uma margem
mínima de lucro. Precisa de capital de giro porque operará no
vermelho por alguns meses, assim como qualquer empresa
que está nascendo.
FOLHA - Como fica o fundo de pensão dos funcionários, o Aerus?
AYOUB - Há em curso uma ação
no Superior Tribunal de Justiça importante para o destino da
Varig remanescente e para o
Aerus. Houve um tempo em
que a ação de defasagem tarifária poderia salvar a Varig, mas
não foi possível naquele momento. Agora essa mesma ação
pode resolver o problema do
Aerus. É uma situação grave, de
caos social, milhares de pensionistas que da noite para o dia
têm um decréscimo na renda.
FOLHA - Os compradores da "nova
Varig" fizeram promessas que não
se cumpriram, como contratar pessoal ou comprar 50 aviões. Como o
senhor avalia essa administração?
AYOUB - A participação dessas
pessoas que hoje se despedem
foi de extrema importância para que a Varig tenha conseguido se salvar, mas não havia
avião no mercado. Se não tivessem tido tantas dificuldades,
não teriam alienado a Varig
agora. Quem comprou [a Gol]
fez isso porque acredita na empresa. A lei deu certo. Quero ver
agora a criação de empregos,
uma promessa pela qual torci
desde o início e acreditava que
pudesse se fazer cumprir.
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