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Isentas, editoras não contribuem para fundo
Mesmo sem recolher PIS e Cofins, empresas não repassam integralmente 1% do faturamento, como previsto
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Fundo Pró-Leitura, anunciado em 2004 pelo governo federal e por representantes das
editoras, nunca atingiu o objetivo de arrecadar 1% do faturamento das empresas em um
fundo para financiar programas de incentivo à leitura.
Em novembro de 2004, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva anunciou que a produção,
a comercialização e a distribuição de livros seriam isentas do
pagamento das contribuições
federais PIS/Pasep e Cofins.
Com a medida, o governo estimava que deixaria de arrecadar cerca de R$ 160 milhões por
ano, valor que seria atenuado
porque, com a diminuição do
preço, o MEC (Ministério da
Educação) gastaria menos com
a compra de livros.
Como parte do acordo, editoras e livrarias teriam que contribuir com 1% de suas vendas
com um fundo pró-leitura. "Tenho tido dificuldade para a arrecadação dessa verba", diz
Jorge Yunes, presidente do
Instituto Pró-Livro, que faz a
gestão do fundo, e presidente
da Abrelivros (Associação Brasileira de Editores de Livros).
"Cada uma contribui com
um valor, de R$ 500 a R$ 70
mil. Isso nem chega próximo a
1% do faturamento", diz.
Yunes afirma que não há como fazer o controle de quanto
cada editora deveria contribuir
porque "a maioria das empresas não é de capital aberto e não
declara o faturamento".
Ele diz que o instituto deveria estar arrecadando R$ 600
mil reais ao mês, o que somaria
cerca de R$ 7 milhões em um
ano. Atualmente, diz ele, a arrecadação mensal varia de R$ 250
mil a R$ 350 mil (R$ 3 milhões
a R$ 4,2 milhões anuais). Quando o fundo foi lançado, em
2004, a previsão era arrecadar
R$ 45 milhões por ano.
Fundo privado
Yunes diz que o fundo não
funciona da maneira como deveria porque o governo federal
não o formalizou.
"O governo ficou de regulamentar a contribuição e criar
uma forma de receber os recursos. Em 2005, tentou formalizá-lo e não conseguiu. Em
2006, o Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros), a
Câmara Brasileira do Livro e a
Abrelivros fundaram uma organização civil de interesse público, o Instituto Pró-Livro."
O representante afirma que o
fundo é privado, e não público,
como estava previsto no acordo
inicial com o governo. A contribuição para o fundo privado é
voluntária. Em 2004, o objetivo
era criar um fundo público com
contribuição obrigatória.
O Ministério da Cultura afirma que "está trabalhando para
construir, em parceria com as
entidades do livro, com deputados e senadores, uma forma de
contribuição compulsória".
Segundo o Instituto Pró-Livro, o principal projeto financiado pelo fundo, desde o lançamento, é o "Retratos da Leitura
2", pesquisa que começou em
340 municípios para medir o
índice de leitura no país.
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