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Negócio sai sem intermediação de bancos
DA REPORTAGEM LOCAL
Não teve o BTG de André Esteves nem outro banco de investimentos ou mesmo a consultoria financeira Estáter, de
Pérsio de Souza, que assessoraram as mais importantes operações de fusão e aquisição no
Brasil nos últimos anos.
As negociações para a criação
da segunda maior rede varejista de eletroeletrônicos do país
foram conduzidas pelos próprios empresários. Os contratos, elaborados pelos departamentos jurídicos das próprias
empresas.
A única consultoria de renome contratada foi a PricewaterhouseCoopers, que auditou as
contas das duas companhias.
O mineiro Ricardo Nunes
conta que ligou para o baiano
Luiz Carlos Batista no início de
janeiro -um mês depois do
anúncio da união de Casas Bahia e Ponto Frio- e propôs
uma associação. A sintonia foi
imediata, diz Nunes. Nos três
meses seguintes, reuniram-se
dia e noite para se conhecer,
para conhecer a empresa um do
outro, desenhar a fusão e traçar
as estratégias futuras.
Os encontros aconteciam ora
na casa de Batista, em Salvador,
ora na chácara de Nunes, em
Belo Horizonte. Na última semana, os dois praticamente se
mudaram para um flat na rua
Bandeira Paulista, no Itaim, em
São Paulo. "Ficamos tão juntos
que até dormimos no mesmo
quarto", contou Nunes.
O acordo foi assinado na noite da sexta-feira passada. No
domingo, as famílias Batista e
Nunes -em um grupo de cerca
de 20 pessoas- se reuniram no
restaurante A Figueira, no bairro dos Jardins, para celebrar a
união. "A amizade que criamos
nesse período foi muito grande.
Sofremos igual, lutamos igual.
Estou acreditando no sucesso
dessa união", disse Nunes.
Eles não escondiam uma certa emoção de estar diante de toda a "imprensa nacional", reunida no Hotel Unique. "Hoje é o
dia mais feliz da minha vida. Jamais imaginei que chegaria até
aqui", afirmou Batista depois
de contar que "o início foi difícil": "Não tinha capital de giro,
ia com meu próprio caminhão
fazer as entregas".
Sapato e mexerica
Nos anos 80, Batista assumiu
a rede de lojas de sapatos fundada pelo pai em 1959 e a transformou, anos depois, na maior
rede de eletroeletrônicos do
Nordeste. Já Nunes perdeu o
pai ao 11 anos e sua escola foi a
rua, "vendendo mexerica do sítio no sinal".
"Montei a Ricardo Eletro aos
18 anos. Eu vinha para a Galeria
Pajé, na rua 25 de Março, várias
vezes por mês e não tenho vergonha de falar que tenho a mão
calejada das bolsas de náilon
que eu carregava cheias de
mercadoria."
Avessos ao mundo dos bancos de investimento, os dois sócios nem pensam em abrir capital na Bolsa de Valores. "Isso
está descogitado [sic] neste
momento", disse Batista. "Ser
uma empresa de capital fechado, para nós, é uma grande vantagem", completou Nunes.
Na nova sociedade, Batista
será o presidente do Conselho
Executivo. Nunes presidirá a
companhia. "Eu gosto de venda, gosto de ficar na linha de
frente, visitando as lojas", disse
Nunes. "O Luiz tem mais a visão estratégica."
(MB)
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