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TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS
"B2B" ainda frustra
expectativa de investidor
GILSON SCHWARTZ
da Equipe de Articulistas
Os abalos sucessivos na confiança dos investidores nos poderes da nova economia estão dando lugar a análises totalmente padrão de conhecidos mecanismos
da velha economia.
Por exemplo: na semana passada, os sinais de crescimento excessivo na economia norte-americana fortaleceram as expectativas de alta mais forte dos juros
dos Estados Unidos.
Talvez seja uma coincidência.
Mas é nesse ambiente que parecem ganhar mais visibilidade alguns relatórios mostrando que de
fato há muito vapor, muita ilusão
na nova economia.
O caso mais recente é o do chamado "B2B" (sigla em inglês que
se pronuncia "bitobi", abreviação
de "business-to-business"). Em
oposição ao mercado de novas
tecnologias (sobretudo via Internet) para consumidores ("B2C"),
as atividades B2B ocorrem entre
empresas e deram margem, nos
últimos anos, a projeções cada vez
mais espetaculares de faturamento e potencial de mercado.
Em pouco menos de um mês,
essas visões estão sendo revistas.
Na visão "tradicional" (se é que
se pode usar um termo desses na
nova economia), há um círculo
virtuoso: aumenta a competição
entre compradores e vendedores
(de peças, equipamentos, insumos industriais, matérias-primas
etc.). A competição gera preços
mais baixos com mais qualidade
nos produtos, ciclos de transação
mais curtos e uma distribuição
mais eficiente da informação nos
mercados.
Segundo a Forrester Research, o
mercado B2B vai passar de US$
43 bilhões em 1998 para US$ 1,3
trilhão em 2003.
Pedras
Mas até mesmo nessa trajetória
radiante começam a surgir pedras. Na semana passada foi publicado um relatório da empresa
AMR Research no qual se observa
que a maioria das operações em
B2B nem sequer conseguiu processar a sua primeira transação
(um resumo do relatório pode ser
lido em www.amrresearch.com).
E boa parte dessas firmas faz dinheiro com anúncios, não com o
processamento de transações entre empresas.
Para um dos analistas que prepararam o relatório, simplesmente há gente demais interessada em
participar dos mercados de B2B.
O resultado será uma onda de
darwinismo. Resta saber quem
vai fazer o papel de dinossauro e
quem vai resistir como besouro.
Em alguns casos de sucesso, a
base de clientes ainda é muito estreita. Ou seja, é um sucesso muito relativo, superficial.
Em outros casos, em vez de se
consolidar como intermediários
no novo espaço virtual, as empresas de B2B sobrevivem apenas se
estabelecem alianças ou se abrem
a investimentos feitos pelas empresas a que pretendem servir. É
uma espécie de terceirização às
avessas, que, na prática, pode
comprometer a lucratividade do
corretor virtual. Afinal, ele fica
sob controle do próprio cliente.
Finalmente, o relatório identifica uma espécie de inércia da velha
economia que paira sobre as promessas dos corretores B2B. Na
medida em que os fornecedores
continuam às voltas com a gestão
de estoques, a administração da
logística e o serviço pós-venda aos
consumidores, eles reagem à pretensão dos corretores (que é ganhar na intermediação, jogando
ainda mais custos sobre os fornecedores).
Nos últimos 18 meses, a AMR
Research acompanhou o desempenho de 600 empresas desse tipo. Seu relatório prevê que, em
um ano, haverá uma alta mortandade no setor, resultado de falências, fusões e aquisições.
Num futuro bem próximo, portanto, o investidor que apostou
nessas empresas terá ainda mais
emoções. Haja darwinismo.
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