São Paulo, sexta-feira, 30 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

REAJUSTE

Legislativo terá de apontar receita se impuser aumento maior, afirma Mantega

Para mudar valor, Congresso deve indicar fonte, diz governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar das críticas de oposicionistas e aliados, o governo afirmou ontem acreditar na possibilidade de aprovar o salário mínimo no valor de R$ 260 no Congresso -que, ao longo do governo Fernando Henrique Cardoso, impôs reajustes superiores aos defendidos pelo Executivo.
"O Congresso é soberano para tomar qualquer decisão. O governo vai defender a sua posição", disse o ministro Ricardo Berzoini (Trabalho). "Se o Congresso decidir elevar o reajuste, terá de indicar a fonte de receitas", completou seu colega Guido Mantega, do Planejamento.
Esse tipo de argumento nunca impediu as decisões políticas de deputados e senadores em relação ao mínimo. Para justificar tecnicamente um reajuste maior, basta, por exemplo, recalcular para a cima a arrecadação tributária -aliás, o "excesso de receita" é justamente a fonte de recursos que, segundo o governo, viabilizará o mínimo de R$ 260, R$ 4 acima do previsto no Orçamento.
Logo no início de seu governo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vetou o aumento do mínimo de R$ 70 para R$ 100 recém-aprovado pelo Congresso. Diante das pressões, porém, acabou aceitando o valor.
Na época, o reajuste de 42,86% foi equivalente a um ganho de 22,6% do valor de compra do mínimo, descontando a inflação medida pelo INPC -um aumento real que não foi superado desde então.
Nos anos seguintes, FHC teve força política para segurar os reajustes. Em 96 e 97, os índices de aumento chegaram a ficar abaixo da inflação, com perdas reais de 5,25% e 0,98%, respectivamente.
No final de seu segundo mandato, porém, o ex-presidente foi obrigado pelo Congresso a conceder reajustes mais altos do que os recomendados pela equipe econômica. Vigorava, então, a prática de definir o mínimo durante a votação do Orçamento.
Em 2000, um acordo entre o governo e os líderes partidários elevou de R$ 151 para R$ 180 o salário mínimo do ano seguinte. O valor inicialmente proposto pelo Executivo era de R$ 156.
Negociação semelhante ocorreu em 2001. O governo queria um aumento do mínimo para R$ 189, mas o Congresso aprovou o valor de R$ 200 -que passou a vigorar no último ano de FHC.


Texto Anterior: Pouco para muitos: Aumento deve beneficiar 57,2 mi
Próximo Texto: Para municípios, será difícil seguir lei fiscal
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.