São Paulo, sábado, 30 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EQUIPE ECONÔMICA

Portugal é elogiado

Meirelles nega que vá haver mudança no BC

ADRIANA MATTOS
ENVIADA ESPECIAL A CARTAGENA

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, evitou fazer comentários a respeito da possibilidade de troca no comando do Banco Central ainda neste ano.
Há rumores de que a entrada de Murilo Portugal na equipe econômica, anunciada na quinta-feira, seja um passo inicial para a troca de comando no BC. Isso porque especula-se com a possibilidade de que Meirelles dispute o cargo de governador de Goiás em 2006 e, para isso, necessitaria abandonar suas atividades no Banco Central, segundo informou ontem a Folha.
"O Murilo [Portugal] é um grande nome para qualquer posição na área econômica do governo. Por isso, eu e o ministro Palocci [Antonio Palocci Filho, ministro da Fazenda] tivemos todo o empenho em trazê-lo para o Brasil. Dito isso, não temos planos de qualquer mudança na direção do Banco Central."
Um dia depois da publicação da ata do Copom relativa ao mês de abril, o presidente do BC disse que esta não é uma ata que pode ser resumida como "emocional".
"Não qualificamos [a ata] como sendo otimista, pessimista, mazinha ou boazinha. Não tem conteúdo emocional e ela é clara e transparente", afirmou, ao ser questionado sobre o fato de analistas de mercado terem considerado como extremamente conservadora a ata, assim como a decisão do BC de elevar os juros.
Ele destacou, porém, que a possibilidade de o aumento nos juros ter sido feito de olho nos riscos inflacionários de 2006 "foi um ponto da ata em que gastaram-se vários dias e horas [em discussão]". "[Sobre essa questão], cada palavra diz exatamente a nossa mensagem, e não vou adicionar palavras ao que já está escrito no documento a respeito desse tema".

Trocas no ministério
Para o economista-chefe do Bird (Banco Mundial), Guillermo Perry, a saída de Marcos Lisboa da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda não deve provocar uma "mudança substancial" na orientação da política econômica.
Palocci anunciou anteontem a saída de Lisboa. Em seu lugar, ficará o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, que será substituído por Murilo Portugal. Segundo Perry, a escolha de Portugal para a vaga de Appy indica continuidade na condução da política econômica.
O diretor da Área Financeira do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Kawall, também disse que as alterações não representam uma mudança de rumo, pois tanto Lisboa como Portugal "estão completamente alinhados com a política em curso".
Para Kawall, Lisboa não deixou o posto por discordar da política de juros altos: "Tenho todos os motivos para acreditar que a saída dele tenha sido causada por motivos pessoais".


Colaborou a Sucursal do Rio


Texto Anterior: Esforço fiscal deverá ser de R$ 83,8 bi
Próximo Texto: "Doutor no": Estilo sovina marca "era Portugal"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.