São Paulo, sábado, 30 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DIAGNÓSTICO

Segundo estudo, peso real do setor na região é de 21% e não os 12% oficiais

AL subestima agropecuária, diz Bird

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Os países da América Latina subestimam a participação da agropecuária em suas economias e, por este motivo, não destinam recursos suficientes para prover as áreas rurais de bens e serviços públicos. O diagnóstico é de um estudo do Bird (Banco Mundial), divulgado ontem no Rio e cujo co-autor é o economista-chefe da instituição, Guilhermo Perry.
Os dados revelam que o peso real do setor é de 21% na região, contra os 12% estimados oficialmente pelos governos locais. É que os cálculos oficiais não incluem o processamento dos alimentos como geração de renda no meio rural -eles são contabilizados na indústria.
De acordo com Perry, se a opção fosse expandir investimentos em escolas, estradas, comunicações e outros serviços nas áreas rurais, o PIB da região cresceria numa velocidade maior.
Ele avalia ainda que, se prosperar uma "ampla liberalização comercial" nas negociações da Rodada de Doha, da OMC (Organização Mundial do Comércio), o PIB da agropecuária poderia crescer até 30% em alguns países da América Latina -no caso do Brasil, o avanço estimado é de 18%.
"A negociação multilateral da OMC é a mais importante para o Brasil. Muito mais do que a Alca e as negociações com a União Européia", disse Perry, que participou de seminário promovido por Bird, FGV (Fundação Getúlio Vargas) e Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio).
Se o Brasil der ênfase na negociação da OMC, e ela tiver êxito, diz Perry, acordos bem-sucedidos com a UE e com os países da América Latina virão a reboque.
Presente ao evento, Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho, professor da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP), disse que uma "profunda" liberalização comercial na área agrícola levaria a um incremento real de 1,5% na renda das famílias brasileiras.
Só com a redução de tarifas agrícolas em países desenvolvidos o Brasil conseguiria tirar 236 mil pessoas da linha de pobreza, segundo estudo elaborado por Ferreira Filho. Tal expansão, diz ele, não será uniforme. Aumentará a pobreza nos grandes centros urbanos, mas cairá nas zonas rurais, prevê. É que a face negativa da liberalização, segundo ele, é a elevação dos preços dos alimentos, que subirão em razão da menor disponibilidade gerada pelo aumento das exportações.


Texto Anterior: "Doutor no": Estilo sovina marca "era Portugal"
Próximo Texto: Panorâmica - Comércio: Consumo não se elevará com mínimo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.