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DIAGNÓSTICO
Segundo estudo, peso real do setor na região é de 21% e não os 12% oficiais
AL subestima agropecuária, diz Bird
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Os países da América Latina subestimam a participação da agropecuária em suas economias e,
por este motivo, não destinam recursos suficientes para prover as
áreas rurais de bens e serviços públicos. O diagnóstico é de um estudo do Bird (Banco Mundial),
divulgado ontem no Rio e cujo
co-autor é o economista-chefe da
instituição, Guilhermo Perry.
Os dados revelam que o peso
real do setor é de 21% na região,
contra os 12% estimados oficialmente pelos governos locais. É
que os cálculos oficiais não incluem o processamento dos alimentos como geração de renda
no meio rural -eles são contabilizados na indústria.
De acordo com Perry, se a opção fosse expandir investimentos
em escolas, estradas, comunicações e outros serviços nas áreas
rurais, o PIB da região cresceria
numa velocidade maior.
Ele avalia ainda que, se prosperar uma "ampla liberalização comercial" nas negociações da Rodada de Doha, da OMC (Organização Mundial do Comércio), o
PIB da agropecuária poderia crescer até 30% em alguns países da
América Latina -no caso do Brasil, o avanço estimado é de 18%.
"A negociação multilateral da
OMC é a mais importante para o
Brasil. Muito mais do que a Alca e
as negociações com a União Européia", disse Perry, que participou de seminário promovido por
Bird, FGV (Fundação Getúlio
Vargas) e Firjan (Federação das
Indústrias do Estado do Rio).
Se o Brasil der ênfase na negociação da OMC, e ela tiver êxito,
diz Perry, acordos bem-sucedidos
com a UE e com os países da
América Latina virão a reboque.
Presente ao evento, Joaquim
Bento de Souza Ferreira Filho,
professor da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP), disse que uma "profunda" liberalização comercial na
área agrícola levaria a um incremento real de 1,5% na renda das
famílias brasileiras.
Só com a redução de tarifas
agrícolas em países desenvolvidos
o Brasil conseguiria tirar 236 mil
pessoas da linha de pobreza, segundo estudo elaborado por Ferreira Filho. Tal expansão, diz ele,
não será uniforme. Aumentará a
pobreza nos grandes centros urbanos, mas cairá nas zonas rurais,
prevê. É que a face negativa da liberalização, segundo ele, é a elevação dos preços dos alimentos,
que subirão em razão da menor
disponibilidade gerada pelo aumento das exportações.
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