São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2008

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Na véspera da reunião do Fed, Bolsa de SP cai 2,7%

Tombo é o maior em 40 dias; dólar passa de R$ 1,70

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O pregão de ontem foi marcado por mais um dia de apreciação do dólar diante do real. A alta de 0,95% conduziu o dólar a R$ 1,705 -a moeda norte-americana não fechava acima de R$ 1,70 havia três semanas. Mas no mês o dólar ainda registra queda, de 2,74%.
Na Bolsa de Valores de São Paulo, o dia foi de perdas relevantes. Depois de bater em inéditos 66 mil pontos durante pregão de segunda-feira, a Bovespa caiu ontem para 63.825 pontos, com baixa de 2,82%, a maior desde 19 de março.
O mercado internacional também se mostrou mais tenso. Hoje, o Fed (o banco central dos EUA) anuncia como fica a taxa básica americana, que está em 2,25% anuais. O mercado conta com uma nova redução, de 0,25 ponto percentual na taxa. Porém, mais do que a decisão em si, o que é mais aguardado é a nota que o Fed divulgará após seu encontro.
O comunicado pode sinalizar o futuro da política monetária na maior economia do mundo. É grande a expectativa em torno da possibilidade de ser apontado o fim do processo de queda dos juros americanos, iniciado em setembro passado.
Em Wall Street, o índice Dow Jones teve perdas de 0,31%. Na Europa, a Bolsa de Paris perdeu 0,71%; a de Frankfurt recuou 0,58%; e a de Londres, 0,02%.
As Bolsas de emergentes tiveram resultados piores: houve queda de 1,9% em Buenos Aires, de 1,28% na Turquia e de 1,15% no México.
"O mercado está focado na quarta-feira. A decisão do Fed pode mexer com o câmbio, as Bolsas e as commodities. No Brasil, a preocupação dos investidores é que uma possível reação do mercado externo na quinta pegará nossos pregões fechados devido ao feriado", afirma José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
Ontem o dólar se apreciou também no mercado internacional. Em relação ao euro, a divisa se valorizou em 0,52% e foi a US$ 1,5564.
Mesmo com a baixa de ontem, a Bovespa ainda acumula valorização mensal de 4,69%.

Resistência
Mas, no ano, a Bolsa voltou a ficar no vermelho (com recuo de 0,09%). Com suas principais ações em queda, a Bovespa se distanciou de seu recorde de pontuação -os 65.790 pontos de 6 de dezembro.
As perdas fortes sofridas pelas ações de Petrobras e Vale podem ser um indicativo, segundo operadores, de saída de capital externo. Esses papéis são muito comprados pelos investidores estrangeiros, que os costumam vender rapidamente quando querem sair da Bolsa brasileira.
A ação ON (ordinária) da Petrobras encerrou com perdas de 4,06%, e a PN (preferencial) recuou 3,96%. Para os papéis da Vale, as perdas foram de 2,46% (PNA) e 2,44% (ON).
Os estrangeiros têm trazido forte volume de recursos para a Bovespa em abril. Até o dia 24, o saldo das aplicações da categoria estava positivo em R$ 6,17 bilhões -o melhor dado mensal já registrado.
"O estrangeiro voltou a olhar para os mercados emergentes muito atento aos preços das commodities no mercado internacional", afirma Gonçalves, do Banco Fator.
A ação ordinária da Telemar foi a que mais perdeu entre as que formam o Ibovespa -principal índice da Bolsa-, ao terminar o pregão com desvalorização de 6,26%.

Juros para cima
No pregão da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), houve nova elevação nas taxas de juros. No contrato DI (que mostra as projeções para os juros) que vence na virada do ano, um dos mais negociados, a taxa fechou a 12,82% anuais, saindo de 12,71% na sexta passada.
A taxa básica da economia brasileira, a Selic, está em 11,75% anuais. O Copom (Comitê de Política Monetária) iniciou um novo ciclo de elevações da taxa Selic neste mês.
Segundo a última pesquisa realizada pelo BC com o mercado, a expectativa é que a Selic continue em alta e alcance os 13% no fim de 2008.


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