São Paulo, quinta, 30 de abril de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice SISTEMA FINANCEIRO Banco espanhol fica em terceiro no ranking de capital estrangeiro; negócio seria só o primeiro passo Bilbao assume o Excel por R$ 500 mi
VANESSA ADACHI da Reportagem Local Uma negociação fulminante, que durou 15 dias, selou a venda do Banco Excel Econômico, de Ezequiel Nasser, ao Banco Bilbao Vizcaya por R$ 500 milhões. O acordo assinado entre as duas instituições e anunciado ontem prevê que o banco espanhol ficará com 55% do capital do brasileiro. Com essa aquisição, surge o terceiro maior banco estrangeiro do país, atrás do Sudameris, que comprou o América do Sul, e do HSBC Bamerindus. A participação do capital estrangeiro no total de ativos do sistema financeiro nacional sobe de 13,34% para 15,09%, segundo a consultoria Austin Asis. Segundo o Bilbao, o governo brasileiro autorizou a abertura de 400 agências, o que triplicaria a presença do Excel Econômico. O negócio põe fim à novela em que se transformou a tentativa do Bilbao de ingressar no Brasil e à meteórica história do Excel como banco de varejo. Antes de colocar as mãos no Excel, o Bilbao esteve interessado no Banerj e chegou a negociar com os bancos Boavista, Noroeste, Bandeirantes e BCN. No caso do Noroeste, perdeu a briga para seu maior rival, o também espanhol Santander. Quanto ao BCN, a compra chegou a ser divulgada, mas não vingou porque as autoridades brasileiras queriam que o Bilbao levasse também o Meridional. O apetite do BBV finalmente encontrou solução nos problemas financeiros e estratégicos do Excel Econômico. Segundo a Folha apurou, foi o Excel quem bateu à porta do Bilbao, por intermédio do seu representante, o banco norte-americano Lehman Brothers. O anúncio de um prejuízo de R$ 44 milhões em 97 sedimentou uma desconfiança que já circulava pelo mercado: o Excel enfrentava problemas para absorver o Econômico. Na ocasião, foi confirmado que o Excel teria que fazer um aumento de capital, já que R$ 69 milhões do patrimônio líquido haviam ido pelo ralo. A Folha apurou que, além da custosa absorção do Econômico, o banqueiro concluiu, juntamente com sua diretoria, que não havia mais espaço para um banco médio no cenário financeiro nacional. As megafusões norte-americanas teriam apressado o desfecho. O Bilbao Vizcaya terá cem dias para vasculhar as contas do Excel. Executivos do banco espanhol antecipam que deverá ser necessário trazer para a realidade o patrimônio, que estaria superavaliado. Ainda não está definido o desenho final da transação. Segundo a Folha apurou, embora o negócio tenha sido fechado diretamente entre Ezequiel Nasser e o presidente do Bilbao, Emilio Ybarra, durante a semana passada na Espanha, está aberta uma rodada de negociações entre todos os sócios que definirá a composição final. Dos R$ 500 milhões, parte deverá ser usada para comprar ações já existentes, a maioria da família Nasser, e parte entrará como aumento de capital. Ou seja, embora a família Nasser deva manter participação no banco, ela será diluída pelo aumento de capital. A família Nasser tem 55%. A Union Bancaire Privee, suíça, tem 17%, a norte-americana Cigna Corp. detém 3% e 17 fundos de pensão têm 25% do capital. Nasser deve permanecer como acionista minoritário do banco, mas não está decidido se permanece como executivo. Quanto ao Bilbao, sabe-se que está reservada verba de US$ 800 milhões para investimentos no Brasil. Segundo executivos do banco disseram à Folha, a compra do Excel deverá ser apenas o primeiro passo. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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