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Desempregado mata médico que lhe negou aposentadoria
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Um médico-perito do INSS
(Instituto Nacional do Seguro
Social) em Patrocínio MG), foi
baleado na cabeça ontem de
manhã por um ex-funcionário
da prefeitura que tentava, sem
sucesso, obter aposentadoria. À
noite, o médico José Rodrigues
de Souza, 60, morreu.
O ministro da Previdência,
Luiz Marinho, foi a Minas no
início da noite de ontem acompanhar de perto o caso.
Desempregado, o auxiliar de
serviços gerais Manoel Rodrigues Andrade, 60, foi preso em
flagrante, após ter sido dominado por um segurança do
INSS. Algumas pessoas tentaram agredi-lo durante a prisão.
Na delegacia, ele contou que
sofre de depressão, faz uso de
medicamentos controlados e
que estava tentando se aposentar, mas que o médico que ele
matou negava o seu pedido.
Andrade foi ao posto do INSS
disposto a matar Souza. Além
de um velho revólver calibre 38,
ele tinha um espeto de ferro na
barra da calça, para o caso de a
arma falhar, disse o delegado
Carlito Inácio Pires. "Ele contou que vinha tentando o benefício havia cinco anos e não
conseguia", disse o delegado,
acrescentando que Andrade
contou que era sua intenção se
suicidar após matar o médico.
Durante a tentativa de aposentadoria, o acusado teria recebido auxílio-doença entre junho de 2004 e julho de 2005.
Voltou a trabalhar como gari e
foi demitido no final de 2006.
Foi quando começou a tentar
novamente se aposentar.
Andrade chegou ao posto do
INSS por volta das 10h30. Logo
após retirar a senha, foi para a
sala do médico. Entrou, sacou a
arma e atirou três vezes contra
Souza. Nos dois primeiros tiros, no entanto, a arma falhou.
Detector de metais
Na noite de ontem, o ministro Marinho anunciou medidas
de segurança nas cerca de 1.400
agências do INSS do país. "Tomei a decisão, partilhada com o
presidente Lula -porque carece de recursos orçamentários
não-previstos no Orçamento
deste ano-, de instalar detector de metais em todas as agências, assim como rota de fuga e
alarme de emergência."
Essas medidas eram reclamadas desde o ano passado pelos peritos do INSS. Mas, segundo o ministro, eles cobravam essas medidas em áreas
consideradas de risco, nas
quais a agência de Patrocínio
não se enquadraria. A decisão
do ministro, porém, abrange
todas as agências do INSS.
O ministro disse ainda que
será realizada uma campanha
de esclarecimento sobre o trabalho do perito, outra reivindicação da categoria, diante das
constantes agressões sofridas
por eles diante de negativas de
aposentadorias e pensões.
Outro crime em MG
Em setembro de 2006, em
Governador Valadares (MG),
foi assassinada a médica perita
Maria Cristina Souza Felipe da
Silva. Dois meses depois, a Polícia Federal prendeu o médico
perito do INSS Nilson Souza
Brige, 62, acusado de ser o
"mentor intelectual" do crime.
A PF disse que o médico, que
já chefiou o setor de perícia em
Governador Valadares, participava de um esquema de fraudes
contra a Previdência que vinha
sendo investigado dentro do
órgão. Quem estava à frente
dessas investigações era Silva,
chefe da gerência de benefícios.
Por causa desse crime, os peritos do INSS entraram em greve. Eles já vinham em campanha por mais segurança no trabalho. Alegavam que os peritos
são agredidos dentro e fora das
agências do INSS.
(PAULO PEIXOTO)
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