São Paulo, quarta-feira, 30 de maio de 2007

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Desempregado mata médico que lhe negou aposentadoria

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Um médico-perito do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) em Patrocínio MG), foi baleado na cabeça ontem de manhã por um ex-funcionário da prefeitura que tentava, sem sucesso, obter aposentadoria. À noite, o médico José Rodrigues de Souza, 60, morreu.
O ministro da Previdência, Luiz Marinho, foi a Minas no início da noite de ontem acompanhar de perto o caso.
Desempregado, o auxiliar de serviços gerais Manoel Rodrigues Andrade, 60, foi preso em flagrante, após ter sido dominado por um segurança do INSS. Algumas pessoas tentaram agredi-lo durante a prisão.
Na delegacia, ele contou que sofre de depressão, faz uso de medicamentos controlados e que estava tentando se aposentar, mas que o médico que ele matou negava o seu pedido.
Andrade foi ao posto do INSS disposto a matar Souza. Além de um velho revólver calibre 38, ele tinha um espeto de ferro na barra da calça, para o caso de a arma falhar, disse o delegado Carlito Inácio Pires. "Ele contou que vinha tentando o benefício havia cinco anos e não conseguia", disse o delegado, acrescentando que Andrade contou que era sua intenção se suicidar após matar o médico.
Durante a tentativa de aposentadoria, o acusado teria recebido auxílio-doença entre junho de 2004 e julho de 2005. Voltou a trabalhar como gari e foi demitido no final de 2006. Foi quando começou a tentar novamente se aposentar.
Andrade chegou ao posto do INSS por volta das 10h30. Logo após retirar a senha, foi para a sala do médico. Entrou, sacou a arma e atirou três vezes contra Souza. Nos dois primeiros tiros, no entanto, a arma falhou.

Detector de metais
Na noite de ontem, o ministro Marinho anunciou medidas de segurança nas cerca de 1.400 agências do INSS do país. "Tomei a decisão, partilhada com o presidente Lula -porque carece de recursos orçamentários não-previstos no Orçamento deste ano-, de instalar detector de metais em todas as agências, assim como rota de fuga e alarme de emergência."
Essas medidas eram reclamadas desde o ano passado pelos peritos do INSS. Mas, segundo o ministro, eles cobravam essas medidas em áreas consideradas de risco, nas quais a agência de Patrocínio não se enquadraria. A decisão do ministro, porém, abrange todas as agências do INSS.
O ministro disse ainda que será realizada uma campanha de esclarecimento sobre o trabalho do perito, outra reivindicação da categoria, diante das constantes agressões sofridas por eles diante de negativas de aposentadorias e pensões.

Outro crime em MG
Em setembro de 2006, em Governador Valadares (MG), foi assassinada a médica perita Maria Cristina Souza Felipe da Silva. Dois meses depois, a Polícia Federal prendeu o médico perito do INSS Nilson Souza Brige, 62, acusado de ser o "mentor intelectual" do crime.
A PF disse que o médico, que já chefiou o setor de perícia em Governador Valadares, participava de um esquema de fraudes contra a Previdência que vinha sendo investigado dentro do órgão. Quem estava à frente dessas investigações era Silva, chefe da gerência de benefícios.
Por causa desse crime, os peritos do INSS entraram em greve. Eles já vinham em campanha por mais segurança no trabalho. Alegavam que os peritos são agredidos dentro e fora das agências do INSS.
(PAULO PEIXOTO)


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