Acionistas aprovam venda; executivo pede desculpas

DO "FINANCIAL TIMES"

Jimmy Cayne, presidente do conselho do Bear Stearns, pediu desculpas pela primeira vez ontem aos acionistas e funcionários do banco de investimento, enquanto a instituição que ele ajudou a transformar em uma potência agressiva formalmente desaparecia na história de Wall Street como a maior vítima da crise de crédito. Os comentários de Cayne foram feitos diante de um auditório lotado na sede do Bear, enquanto os acionistas aprovavam a venda do banco para o JPMorgan Chase por US$ 10 a ação -ou US$ 2,2 bilhões. O Bear era negociado a US$ 150 por ação há apenas um ano.
"Eu só quero me desculpar pessoalmente pelo que aconteceu", disse Cayne, em uma reunião que durou menos de dez minutos. "Nós simplesmente entramos em nosso próprio furacão." Ele se referia à crise de confiança que atingiu o Bear Stearns em março, levando o banco à beira da falência antes que o Fed (BC dos EUA) e outros reguladores entrassem em cena para ajudar a negociar a venda para o JPMorgan Chase.
Ontem, os funcionários e os acionistas do Bear Stearns não aprovaram a argumentação da instituição (o quinto maior banco de investimento dos EUA), afirmando que a companhia poderia ter agido mais cedo para levantar capital e reduzir a sua dependência de dinheiro emprestado.
"Isso não precisaria acontecer e muita gente perdeu tudo o que tinha", disse um corretor do Bear, após a reunião. O corretor, que não quis dar seu nome, disse que estava feliz por ainda ter seu emprego, já que o JPMorgan vai cortar o grosso da antiga força de trabalho do Bear Stearns, de 14 mil funcionários. "Talvez eles venham aqui e realmente façam uma faxina neste lugar."
Um retrato em caricatura de Cayne está diante da porta principal do banco e apresenta comentários de dezenas de empregados do Bear sobre seu presidente e antigo executivo-chefe. "Você nos ferrou, Jimmy", dizia uma mensagem rabiscada no alto da pintura.