São Paulo, sábado, 30 de maio de 2009

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Empresas dos EUA demitem e elevam lucro

Corte de custo também ajuda no aumento da rentabilidade

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Puxada por milhares de demissões e cortes profundos de custos, a rentabilidade das empresas norte-americanas cresceu no primeiro trimestre de 2009 após seis trimestres consecutivos de queda.
No total, a lucratividade aumentou US$ 42,6 bilhões nos primeiros três meses de 2009, ante queda de US$ 250,3 bilhões no último trimestre de 2008 -período considerado o pior em seis décadas para a economia norte-americana.
Apesar do crescimento, a rentabilidade entre janeiro e março foi 18% menor do que em igual período do ano passado, quando a economia dos EUA já estava em recessão.
No total, as empresas lucraram US$ 1,3 trilhão no primeiro trimestre, o equivalente ao PIB de um ano do Brasil.
No pico da rentabilidade das companhias norte-americanas, no quarto trimestre de 2006, elas chegaram a lucrar US$ 1,7 trilhão (US$ 400 bilhões a mais do que atualmente e o equivalente ao dobro das reservas em dólares do Brasil).
Os dados foram apresentados ontem pelo Departamento do Comércio dos EUA como parte da revisão do PIB do país entre janeiro e março passados. Em vez da contração anualizada de 6,1%, como inicialmente estimada, a economia norte-americana retrocedeu 5,7%.
Mesmo assim, os seis meses compreendidos entre outubro de 2008 e março de 2009 continuam sendo os piores em termos de evolução do PIB dos EUA no pós-Guerra.
A volta da lucratividade é considerada fundamental para que as empresas voltem a reforçar seus caixas, tenham condições de pagar dívidas e, no caso de empresas voltadas diretamente ao consumo, possam conceder crédito.
Na atual recuperação da lucratividade, porém, ela ocorre principalmente por uma combinação de profundos cortes nos gastos e demissões. As dispensas do setor corporativo nos EUA no primeiro trimestre ultrapassaram a média mensal de 600 mil trabalhadores.
A recuperação nos lucros, portanto, não é tão saudável como pode parecer, já que mais desempregados na economia significam menos massa salarial e renda disponíveis para fazer o país voltar a crescer de forma sustentável. Mesmo assim, aos poucos a confiança dos consumidores norte-americanos que continuam preservando seus empregos vai aumentando mensalmente.
Ontem, segundo levantamento produzido pela agência de notícia Reuters e pela Universidade de Michigan, o índice que mede a expectativa dos norte-americanos em relação ao futuro da economia atingiu o patamar mais alto pré-agravamento da crise, em setembro de 2008. Subiu a 68,7 pontos.


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