São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2004

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Meta de inflação deve ser mantida em 2005

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A meta de inflação de 2005, fixada em 4,5%, deverá ser mantida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para 2006. Essa era a tendência ontem, mas o assunto ainda será discutido hoje à tarde durante reunião do CMN.
Apesar das pressões políticas, mudanças no sistema de metas, iniciado em 1999, e na própria meta de 2005 vêm sendo descartadas por integrantes da equipe econômica do governo.
"Isso [mudança da meta de 2005] não está na agenda", afirmou ontem o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. O líder do governo no Senado, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), vinha defendendo a mudança da meta de 2005 para 5,5%, o que, segundo ele, abriria espaço para uma redução mais acentuada das taxas de juros e, conseqüentemente, para um maior crescimento econômico.
A meta de 5,5% foi fixada somente para este ano. Mas o sistema admite um desvio de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. A inflação utilizada é a do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), cujo cálculo é feito pelo IBGE.
Além da pressão de aliados do governo, o próprio mercado financeiro trabalha com a expectativa de uma taxa maior que a meta central para a inflação deste ano, algo em torno de 7%. Portanto, o governo ainda poderia manter uma "trajetória de queda", mudando a meta de 2005.
Mas setores da equipe econômica afirmam que existe até espaço para uma redução da meta em 2006. Esse é o caso do secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy. Segundo ele, a meta brasileira é quase a metade da maioria dos países. No início deste mês, Levy disse que seria uma surpresa se o CMN decidisse reduzir a meta para 3%, mas afirmou que alguma queda seria possível.
Levy, porém, disse ainda que seria legítimo discutir uma "acomodação" da meta. "Temos que avaliar se em um momento de crescimento, como acontecerá em 2005 e em 2006, será interessante fazer algum tipo de acomodação e manter os 4,5%."
Outros integrantes da equipe econômica dizem que o país ainda não está preparado para ter metas semelhantes às de países europeus, por volta de 2%. No ano passado, o atual governo também teve que rever a meta fixada para 2004 pelo governo anterior. Ela havia sido fixada em 2002 em 3,75% e foi para 5,5%. Isso porque no ano passado a meta inicial era de 4%, mas a inflação chegou a 9,3%.
De acordo com o Banco Central, as projeções para o IPCA de 2005 indicam que a taxa final poderá ficar um pouco abaixo de 4,5%. Portanto, a manutenção da meta para 2006, quando é esperado um aquecimento econômico maior, daria mais flexibilidade à política monetária em ano de eleições.


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