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Brasil cede às pressões de vizinho, diz indústria nacional
SIMONE CUNHA
COLABORAÇÃO PARA FOLHA
Entidades de combate à falsificação e a indústria eletroeletrônica nacional criticaram a medida provisória que legaliza a importação de produtos do Paraguai.
As entidades reclamam da decisão do governo, que teria cedido à pressão paraguaia para institucionalizar o país como corredor de importação depois de melhorar a fiscalização, reduzindo o contrabando.
O Paraguai teria reclamado da perda de faturamento com o aumento da fiscalização e o governo teria jogado por terra as ações, segundo Rodolpho Ramazzini, diretor da ABCF (Associação Brasileira de Combate à Falsificação), que reúne cerca de cem indústrias, entre elas Sony, Lacoste e Pfizer.
A medida gerou críticas à política externa brasileira, que estaria indo contra os interesses da indústria nacional. "O Brasil tem hábito de ceder às pressões dos vizinhos", diz o presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), Humberto Barbato.
Para ele, a medida vai reduzir o investimento na indústria por institucionalizar a concorrência de terceiros. "O governo se escancarou para a China."
É a mesma posição do presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), Lourival Kiçula, que diz ter sido surpreendido pela MP, por já ter discutido com o governo para tentar barrar a medida. "Outros países do Mercosul devem pedir o mesmo tratamento."
Segundo Barbato, a Abinee pedirá a análise jurídica da MP na expectativa de derrubá-la. Se não, pode-se tentar restringir a liberação para produtos não fabricados aqui ou impor de cotas por produto.
Para o presidente do Instituto Brasileiro de Defesa da Competitividade, Edison Vismona, o governo institucionalizou o Paraguai como corredor de importação, beneficiando "as organizações criminosas, que vão se fortalecer com a medida".
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