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Comércio legal e o informal fazem ressalva
Representantes acham que a medida do governo pode punir os pequenos sacoleiros e o comerciante que paga imposto
Desde aperto da receita na fronteira com o Paraguai, sacoleiro tradicional perdeu espaço e o contrabando mudou de região
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
A Associação Comercial de
Foz do Iguaçu (PR) e representantes do comércio ambulante
e sacoleiro têm ressalvas distintas ao acordo anunciado em
Assunção, para o pequeno comércio na fronteira entre o
Brasil e o Paraguai. No acordo
fica estabelecido um imposto
único de 25% para o comércio
sacoleiro, com compras até um
limite anual que deve ficar entre R$ 120 mil e R$ 150 mil.
O presidente da Acif (Associação Comercial e Industrial
de Foz do Iguaçu), Wanderley
Teixeira, disse que a entidade
sempre defendeu o ingresso na
"formalidade" do comércio sacoleiro e que, nesse sentido, o
acordo é um avanço. "Mas queremos isonomia com relação ao
imposto único, pois não podemos criar dois tipos de situações para um mesmo caso."
Teixeira disse que, embora
ainda não conhecesse o teor do
acordo, a entidade vai defender
os interesses do comércio legalizado. "O comércio legalmente
formalizado, que hoje paga alíquotas diferentes dependendo
da mercadoria importada, não
pode ser penalizado."
O secretário-geral da Associação de Ambulantes de Foz
do Iguaçu e coordenador da Associação Brasileira dos Sacoleiros, Walter Negrão, disse temer
que o acordo prejudique os sacoleiros menores. "Ele ajuda o
médio e o pequeno empresário,
mas o sacoleiro tradicional, que
vive do trabalho formiguinha,
pode ser prejudicado", disse.
Negrão afirmou que hoje é
comum médios e pequenos comerciantes dos grandes centros, principalmente da capital
paulista, usarem o sacoleiro-comprista para adquirir mercadorias dentro da cota mensal
(US$ 300) para seus estoques.
"Esse tipo de trabalho pode
desaparecer, já que a cota anual
[que deve ficar entre R$ 120 mil
e R$ 150 mil] possibilita que os
comerciantes façam a importação diretamente, dispensando
esses trabalhadores."
Depois da implantação da
chamada "aduana 100%" em
Foz do Iguaçu, em outubro do
ano passado, o comércio sacoleiro teve um refluxo na região.
Em contrapartida, aumentou o
contrabando na região do lago
de Itaipu. "Foi o início do fim
do sacoleiro tradicional, aquele
que batalhava pela sobrevivência, para o surgimento do contrabandista profissional, que
trabalha para grandes comerciantes", disse Negrão.
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