São Paulo, sábado, 30 de junho de 2007

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Comércio legal e o informal fazem ressalva

Representantes acham que a medida do governo pode punir os pequenos sacoleiros e o comerciante que paga imposto

Desde aperto da receita na fronteira com o Paraguai, sacoleiro tradicional perdeu espaço e o contrabando mudou de região


JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

A Associação Comercial de Foz do Iguaçu (PR) e representantes do comércio ambulante e sacoleiro têm ressalvas distintas ao acordo anunciado em Assunção, para o pequeno comércio na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. No acordo fica estabelecido um imposto único de 25% para o comércio sacoleiro, com compras até um limite anual que deve ficar entre R$ 120 mil e R$ 150 mil.
O presidente da Acif (Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu), Wanderley Teixeira, disse que a entidade sempre defendeu o ingresso na "formalidade" do comércio sacoleiro e que, nesse sentido, o acordo é um avanço. "Mas queremos isonomia com relação ao imposto único, pois não podemos criar dois tipos de situações para um mesmo caso."
Teixeira disse que, embora ainda não conhecesse o teor do acordo, a entidade vai defender os interesses do comércio legalizado. "O comércio legalmente formalizado, que hoje paga alíquotas diferentes dependendo da mercadoria importada, não pode ser penalizado."
O secretário-geral da Associação de Ambulantes de Foz do Iguaçu e coordenador da Associação Brasileira dos Sacoleiros, Walter Negrão, disse temer que o acordo prejudique os sacoleiros menores. "Ele ajuda o médio e o pequeno empresário, mas o sacoleiro tradicional, que vive do trabalho formiguinha, pode ser prejudicado", disse.
Negrão afirmou que hoje é comum médios e pequenos comerciantes dos grandes centros, principalmente da capital paulista, usarem o sacoleiro-comprista para adquirir mercadorias dentro da cota mensal (US$ 300) para seus estoques.
"Esse tipo de trabalho pode desaparecer, já que a cota anual [que deve ficar entre R$ 120 mil e R$ 150 mil] possibilita que os comerciantes façam a importação diretamente, dispensando esses trabalhadores."
Depois da implantação da chamada "aduana 100%" em Foz do Iguaçu, em outubro do ano passado, o comércio sacoleiro teve um refluxo na região. Em contrapartida, aumentou o contrabando na região do lago de Itaipu. "Foi o início do fim do sacoleiro tradicional, aquele que batalhava pela sobrevivência, para o surgimento do contrabandista profissional, que trabalha para grandes comerciantes", disse Negrão.


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