|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Decisão paraguaia tem remédio, diz Amorim
Chanceler brasileiro crê que veto de vizinho à elevação de tarifa para calçados e confecções no Mercosul não seja irreversível
"Quando um país faz uma reivindicação, outro aproveita para colocar
outra", afirma; regra de sacoleiro poderia ser trunfo
RODRIGO RÖTZSCH
ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO
O ministro Celso Amorim
(Relações Exteriores) disse ontem em Assunção que a decisão
do Paraguai de impedir a elevação da TEC (Tarifa Externa Comum) do Mercosul sobre confecções e calçados importadas
de fora do bloco, pleiteada pelo
Brasil, não é irreversível.
Amorim disse que o assunto
não foi discutido na conversa
que Lula teve com seu colega
paraguaio, Nicanor Duarte
Frutos, na noite de anteontem,
em reunião no hotel onde aconteceu ontem a 33ª Cúpula de
Presidentes do Mercosul.
"Isso não é uma discussão
para presidentes, isso é um processo normal do CMC (Conselho do Mercado Comum), isso
vai acontecer naturalmente."
O ministro disse que a decisão paraguaia, que impediu a
elevação da taxa dos atuais
20%, em média, para 35%, "seguramente tem remédio".
"Sempre tem remédio, essas
coisas sempre têm algum intercâmbio, para dizer assim.
Quando um país faz uma reivindicação, outro aproveita para colocar outra", disse.
A recusa do Paraguai em elevar a tarifa impede sua imediata implementação porque no
Mercosul as decisões são tomadas por consenso entre os países-membros -Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina.
A decisão de elevar a TEC fora tomada pela Camex (Câmara
de Comércio Exterior) em
abril. O objetivo era invadir a
invasão de produtos chineses
no Mercosul, o que dificulta a
competitividade dos calçados e
roupas brasileiras.
O ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Ruben Ramírez Lezcano, pediu que, antes da alteração na tarifa, fossem promovidas reuniões entre empresários brasileiros e
paraguaios para que se chegasse a um denominador comum.
Um dos "intercâmbios" sugeridos por Amorim, segundo a
Folha apurou, pode ser o fato
de se ter considerado que o
Brasil cedeu mais ao Paraguai
no novo sistema para importação de produtos do vizinho, o
que ocorreu ontem, depois da
reunião do CMC. A flexibilidade brasileira poderia ajudar a
fazer o Paraguai rever sua posição na questão da TEC.
Texto Anterior: Aperto da Receita leva crise a comércio das cidades da fronteira Próximo Texto: Mercosul deve aprofundar parcerias, diz Lula Índice
|