São Paulo, sábado, 30 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Decisão paraguaia tem remédio, diz Amorim

Chanceler brasileiro crê que veto de vizinho à elevação de tarifa para calçados e confecções no Mercosul não seja irreversível

"Quando um país faz uma reivindicação, outro aproveita para colocar outra", afirma; regra de sacoleiro poderia ser trunfo

RODRIGO RÖTZSCH
ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO

O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) disse ontem em Assunção que a decisão do Paraguai de impedir a elevação da TEC (Tarifa Externa Comum) do Mercosul sobre confecções e calçados importadas de fora do bloco, pleiteada pelo Brasil, não é irreversível.
Amorim disse que o assunto não foi discutido na conversa que Lula teve com seu colega paraguaio, Nicanor Duarte Frutos, na noite de anteontem, em reunião no hotel onde aconteceu ontem a 33ª Cúpula de Presidentes do Mercosul.
"Isso não é uma discussão para presidentes, isso é um processo normal do CMC (Conselho do Mercado Comum), isso vai acontecer naturalmente."
O ministro disse que a decisão paraguaia, que impediu a elevação da taxa dos atuais 20%, em média, para 35%, "seguramente tem remédio".
"Sempre tem remédio, essas coisas sempre têm algum intercâmbio, para dizer assim. Quando um país faz uma reivindicação, outro aproveita para colocar outra", disse.
A recusa do Paraguai em elevar a tarifa impede sua imediata implementação porque no Mercosul as decisões são tomadas por consenso entre os países-membros -Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina.
A decisão de elevar a TEC fora tomada pela Camex (Câmara de Comércio Exterior) em abril. O objetivo era invadir a invasão de produtos chineses no Mercosul, o que dificulta a competitividade dos calçados e roupas brasileiras.
O ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Ruben Ramírez Lezcano, pediu que, antes da alteração na tarifa, fossem promovidas reuniões entre empresários brasileiros e paraguaios para que se chegasse a um denominador comum.
Um dos "intercâmbios" sugeridos por Amorim, segundo a Folha apurou, pode ser o fato de se ter considerado que o Brasil cedeu mais ao Paraguai no novo sistema para importação de produtos do vizinho, o que ocorreu ontem, depois da reunião do CMC. A flexibilidade brasileira poderia ajudar a fazer o Paraguai rever sua posição na questão da TEC.


Texto Anterior: Aperto da Receita leva crise a comércio das cidades da fronteira
Próximo Texto: Mercosul deve aprofundar parcerias, diz Lula
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.