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Tema ainda não foi incorporado aos negócios
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os relatórios de sustentabilidade são um meio de informação cada vez mais demandado
pela sociedade para conhecer a
realidade das empresas, inclusive no que diz respeito aos
seus problemas. E, assim como
em outros países, muitas empresas brasileiras que publicam
balanços ainda não incorporam
as práticas relatadas às suas estratégias de negócios.
A opinião é do holandês
Ernst Ligteringen, presidente
mundial da GRI (Global Reporting Initiative), organização
responsável pela elaboração
das normas Mais utilizadas no
mundo para a publicação dos
balanços sociais e relatórios de
sustentabilidade das empresas.
De passagem pelo Brasil, o executivo concedeu entrevista.
(ANDRÉ PALHANO e IURI RIBEIRO)
FOLHA - As empresas brasileiras estão divulgando corretamente suas
ações de sustentabilidade?
ERNST LIGTERINGEN - Na América
Latina, o Brasil é o líder em publicações, com mais de 60 relatórios anuais. Em termos de
qualidade, no entanto, o país
ainda reflete o que vemos em
outras partes do mundo: uma
grande disparidade. Há empresas lideres, que estão integrando seu gerenciamento de sustentabilidade à prática dos negócios e se distinguindo estrategicamente por isso. Há um
grande número de empresas
que estão progredindo gradualmente, que estão no caminho
de descobrir como utilizar seus
relatórios de uma maneira
mais estratégica.
FOLHA - Como diferenciar esses
grupos?
LIGTERINGEN - Temos de olhar
para as práticas de negócios, saber se o relatório está verdadeiramente integrado à estratégia
da empresa. Podemos perceber, por exemplo em um banco,
se eles apenas montaram uma
equipe para fazer um relatório
ou se realmente identificam a
quem estão dando crédito, sob
que condições, se eles realmente coletam dados sobre o impacto de sua política de empréstimos etc. Um banco que
age assim é muito diferente de
um que não tem qualquer política e simplesmente junta palavras para publicar um relatório
de sustentabilidade.
FOLHA - Em certos países é obrigatório publicar relatórios de sustentabilidade. É melhor impor ou o desenvolvimento deve ser espontâneo?
LIGTERINGEN - Até agora o crescimento tem ocorrido majoritariamente numa base voluntária. A KPMG identificou que,
em 22 países, aproximadamente 3.000 empresas relatam suas
práticas. Mas existem pelo menos 72 mil multinacionais. Mas
se olharmos por volume, das
250 maiores empresas do mundo, aproximadamente 80%
produzem relatórios.
FOLHA - Como o cidadão tem acesso a toda essa informação?
LIGTERINGEN - A maioria das
empresas publica seus relatórios nos sites. Mas o futuro
mesmo são os sistemas de busca na internet, porque a maioria das pessoas não está morrendo de vontade de ler relatórios de sustentabilidade.
FOLHA - Como o leitor reage ao ler
os relatórios?
LIGTERINGEN - Nossas pesquisas
indicam que 82% das pessoas
formam uma imagem mais positiva da empresa quando encontram esse tipo de informação. E isso ajuda a empresa a
ganhar a confiança das pessoas.
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