São Paulo, Quarta-feira, 30 de Junho de 1999
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CONJUNTURA
Inadimplência melhora neste semestre; falências decretadas crescem 168% no Real sobre os 5 anos anteriores
Insolvência cai em 99, mas sobe no Real

MARCOS CÉZARI
da Reportagem Local

Os indicadores de inadimplência -títulos protestados e pedidos de falência e concordata- caíram em todo o país no primeiro semestre deste ano em relação a igual período de 98.
Apesar da queda semestral, a situação piorou quando são comparados os números dos cinco anos anteriores com os cinco posteriores ao Plano Real.
Segundo dados divulgados ontem pela Serasa (Centralização de Serviços dos Bancos), o número de protestos teve queda de 6,1% no período. Foram registrados 3,9 milhões de protestos entre janeiro e junho de 98 e 3,6 milhões no mesmo semestre deste ano.
A queda, segundo a Serasa, foi motivada pelas reduções de 6,5% no protesto de títulos contra pessoas físicas (1,2 milhão em 98 e 1,1 milhão neste ano) e de 5,9% no de empresas (2,7 milhões e 2,5 milhões, respectivamente).
Os pedidos de falência tiveram queda de 5,8%, com 14,8 mil requerimentos em 98 e 14,0 mil neste ano.
O recuo foi bem maior no caso dos pedidos de concordata. Os 275 pedidos deste ano significam menos 26,5% em relação aos 374 de igual semestre de 98.

Piora no Real
A Serasa fez um estudo sobre o desempenho das empresas no país nos últimos dez anos -cinco antes e cinco após o Real. Amanhã, o Real completa cinco anos.
Para a Serasa, o estudo registra dois períodos distintos. De 89 a 94, as empresas mostraram desempenho instável entre um ano e outro, caracterizado por crescimentos anuais consideráveis, seguidos de quedas acentuadas.
A instabilidade é decorrência, principalmente, das intervenções do governo na economia por meio de sucessivos planos (Verão, em 89, e Collor 1 e 2, em 90 e 91).
Com o Real, observa-se maior estabilidade, com índices de crescimento mais regulares entre um ano e outro. Essa estabilidade (julho de 94 até agora) trouxe maior previsibilidade às empresas.
O aspecto desfavorável, segundo a Serasa, foi o aumento das insolvências das empresas e o maior calote (atraso no pagamento de dívidas) das pessoas físicas.
Entre julho de 94 e este mês, 22,73 mil empresas fecharam suas portas, contra apenas 8,49 mil entre julho de 89 e junho de 94. No caso, a alta no Real foi de 168%.
Para o presidente da Serasa, Elcio Anibal de Lucca, "o sacrifício do país para alcançar o atual estágio de maturidade econômica não deve ser esquecido. Ao contrário, tem de servir de estímulo para que sejam tomadas as decisões políticas e administrativas que ainda faltam para garantir a consolidação do crescimento sustentado da economia brasileira".


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