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PERFIL
Com doutorado em Harvard, Gustavo Franco gosta de contar que tocou em banda e escreveu livro de ficção
Economista é 'enfant terrible' do câmbio
da Reportagem Local
Poucas figuras
no governo de
Fernando Henrique Cardoso
provocam tanta
polêmica quanto o carioca
Gustavo Henrique de Barroso Franco, 41 anos
completados em abril último, indicado ontem para um dos cargos
mais propensos, nos últimos anos,
a provocar polêmica, o de presidente do BC (Banco Central).
Formado em economia, com
doutorado em Harvard, nos Estados Unidos, diretor de assuntos
internacionais do BC desde o início do governo FHC, Franco não
se enquadra na imagem estereotipada do economista ocupando um
alto posto no Executivo.
Ele fala sobre outros assuntos
que não sua área específica no BC,
critica políticos e a política de forma geral, com frequência é retratado com a barba por fazer.
Circo dos horrores
Sabe-se que escreveu um livro de
ficção (que não teria planos de publicar proximamente), além dos
nove sobre economia.
Gosta de contar sua breve experiência como músico: na adolescência, formou um conjunto de
rock, O Circo dos Horrores, em
que tocava piano e guitarra, ao lado do também economista Edward Amadeo, hoje professor da
PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio. Atualmente, ele declara que prefere música clássica.
Gosta de travar polêmica sobre
assuntos econômicos, especialmente sobre a controvertida política cambial brasileira, da qual é
considerado o principal -e ferrenho- defensor.
Banco Garantia
Franco estudou até os 30 anos,
quando voltou de Harvard, e foi
ser professor de economia na PUC
do Rio. E saiu direto da PUC para
integrar a equipe de FHC no Ministério da Fazenda, durante o governo Itamar Franco, que elaborou o Plano Real, ao lado de economistas como André Lara Resende, Pérsio Arida e Edmar Bacha.
Filho único de uma família de
classe média alta, ele sempre estudou em escolas consideradas de
elite no Rio. O pai, Arinos Franco,
de uma família "muito pobre", segundo Franco, fez carreira no Banco do Brasil, chegando a ser chefe
de gabinete do Ministério da Fazenda e secretário particular de
Getúlio Vargas.
Arinos também foi um dos sócios originais do Banco Garantia,
no qual continua a ter uma participação. A confortável situação financeira de Arinos permitiu que
ele desse para o filho um apartamento em São Conrado, no Rio,
avaliado em US$ 1,5 milhão.
Casado pela segunda vez com a
administradora de empresas Cristiana Laet, 28, Gustavo Franco tem
três filhos, os adolescentes Júlia e
Pedro, do primeiro casamento, e
Antônio, de nove meses.
Franco tem problema crônico de
insônia e, para resolvê-lo, apela
para o remédio Lexotan. Talvez
por isso, o que mais o atrai em seus
momentos de lazer é não fazer nada.
Responsável agora pela condução da política monetária no país,
Franco admite que não sabe aplicar seu próprio dinheiro: "Sempre fui um fracasso com minhas finanças" disse em entrevista à
"Revista da Folha".
Atrito com embaixador
Emblemático do tipo de reação
que Franco desperta foi seu atrito,
em abril último, com o então embaixador argentino no Brasil, Diego Ramiro Guelar, que não apenas
teceu críticas a decisões tomadas
pelo governo brasileiro -restrições ao financiamento das importações- mas fez comentários até
sobre a figura de Franco.
Guelar disse que as medidas tinham sido anunciadas de forma
"arrogante" e complementou, referindo-se à estatura de Franco,
que as pessoas que ficam "abaixo
da linha do horizonte" precisam
ser "arrogantes para se defender".
No dia seguinte, Franco recebeu
um pedido de desculpas do embaixador, por escrito.
Ontem, enquanto era anunciada
a escolha de Franco para substituir
Gustavo Loyola o embaixador argentino se despedia do Brasil.
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