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Indústria de SP mantém reação lenta, e produção cresce 2%
Já a confiança dos industriais avança, embora mercado externo siga estagnado
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Setor mais afetado no Brasil
pela crise econômica internacional, a indústria começou a se
recuperar com um pouco mais
de força em junho.
A produção da manufatura
paulista, que representa 40%
da nacional, subiu 2% no mês
passado, de acordo com a Fiesp
(Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo). Em maio,
tinha subido 0,7%. "Não é a salvação da lavoura, mas parou de
piorar, e aí está uma boa notícia", disse Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos
da entidade.
O nível da produção paulista,
no primeiro semestre deste
ano, voltou ao que era no final
de 2007, antes do grande salto
que ajudou o país crescer a taxas robustas em 2008. Todo o
progresso obtido no ano passado, portanto, segue perdido.
A expectativa é que o segundo semestre traga um ritmo
maior de avanço da indústria:
até agora a queda da produção
ante 2008 é de 14,1% (o pior índice semestral da história do
índice), mas em dezembro essa
baixa diminuirá para entre 7%
e 8%, pelas contas da Fiesp.
Como as exportações dependem da recuperação mundial, o
que ainda é uma grande incógnita, a retomada mais forte do
setor nos próximos meses estará apoiada no mercado consumidor interno, na opinião dos
especialistas.
"Quando se está em crise,
não se pode reclamar da qualidade da melhora, porém o fato
é que a elevação terá uma qualidade ruim", afirma Júlio Gomes de Almeida, consultor do
Iedi (Instituto de Estudos para
o Desenvolvimento Industrial). Além das vendas para outros países, fica faltando, para
um reaquecimento sólido da
atividade fabril, que os empresários voltem a investir nos
seus negócios.
Os empreendedores já mostram algum ânimo. O indicador
de expectativas que compõe o
ICI (Índice de Confiança da Indústria), medido pela FGV
(Fundação Getulio Vargas) e
divulgado ontem, teve em julho
a sua segunda maior alta desde
outubro de 2003: 8,2%, sinalizando a esperança de que o pior
das turbulências tenha ficado
para trás.
No entanto, a utilização da
capacidade instalada das indústrias, de 80,6% em junho,
ainda é pequena -fábricas
ociosas não recebem investimentos.
"Somente daqui a um ano teremos um restabelecimento
uniforme e equilibrado", prevê
Gomes de Almeida. Dessa maneira, o crescimento do país
também fica amarrado.
A favorecer a recuperação está o comportamento do mercado de trabalho. "Desde outubro
último, a indústria perdeu 500
mil vagas no país. O nosso temor de que tais demissões contaminassem outros setores não
se confirmou, entretanto. Se o
cenário continuar assim, poderemos afirmar que o Brasil pagou um preço pequeno pela crise", disse Francini.
Colaborou GIULIANA VALLONE, da Folha Online
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