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Manobra no Codefat partiu do Planalto, dizem empresários
Entidades apontam quebra de acordo para eleição de presidente do órgão
Candidato foi eleito após intervenção de Lupi, mas
empresário diz que "é
difícil imaginar que farsa foi orquestrada só por ministro"
Sergio Lima/Folha Imagem
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Luigi Nese, eleito para o Codefat (Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador)
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL
Entidades de empresários
atribuem ao Palácio do Planalto o rompimento do acordo que
previa a presidência rotativa do
Codefat (Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador), o conselho tripartite
que administra os R$ 158 bilhões de patrimônio do FAT
(Fundo do Amparo ao Trabalhador).
Na terça-feira passada, as
quatro maiores confederações
de empresários do país -CNI,
CNA, CNC e CNIF- abandonaram o Codefat em repúdio à
manobra promovida pelo ministro Carlos Lupi (Trabalho)
para controlar o conselho em
2010, ano eleitoral.
Por um acordo de cavalheiros que vigora há quase duas
décadas, a presidência do Codefat é alternada entre as três
bancadas que compõe o conselho: trabalhadores, empresários e governo.
Segundo esse acordo, a presidência para o próximo biênio
deveria ser definida pela bancada empresarial. As entidades de
empregadores tinham até definido o próximo candidato -no
caso, Fernando Antônio Rodriguez, indicado pela senadora
Katia Abreu (DEM-TO), presidente da CNA (Confederação
Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil).
No entanto, por uma manobra, Lupi forjou nos bastidores
a candidatura dissidente de
Luigi Nese, presidente da inexpressiva CNS (Confederação
Nacional de Serviços).
Luigi acabou sendo eleito
com o voto das entidades de
trabalhadores.
A CNS é uma entidade só reconhecida oficialmente em dezembro passado. Sua existência
deve-se a uma portaria de Lupi
de abril do ano passado.
"O ministro Carlos Lupi tem
um cargo de confiança. Seu
chefe é o presidente da República. Só posso concluir, portanto, que o governo está por
trás disso", disse à Folha a senadora Kátia Abreu.
Roberto Nogueira Ferreira,
representante da Confederação Nacional do Comércio de
Bens, Serviços e Turismo, disse
que outros dois ministros,
além de Lupi, já sabiam que havia uma armação em curso
contra os empregadores no Codefat. "Por uma questão de lógica, fica difícil imaginar que
essa farsa foi apenas orquestrada pelo ministro."
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) divulgou nota em que repudia a ação de Lupi, mas evita especular sobre uma eventual autorização do governo.
Patrono
Lupi nega ter orquestrado a
manobra. Mas sobram indícios
da ligação entre ele e o novo
presidente do Codefat. Luigi
Nese entregou pessoalmente
ao ministro o título de "patrono" da CNS. A cena é registrada
no site da entidade.
O endereço eletrônico da
CNS dá destaque à homenagem
a Lupi. A entrega do título de
patrono foi feita por Nese ao
ministro em almoço para 200
convidados.
Lupi e Nese posaram para fotos, convidados aparecem
aplaudindo. A Confederação
Nacional de Serviços tem entre
seus associados uma federação
a menos, a Fenac (Federação
Nacional de Cultura), que pediu desligamento em março.
Restaram supostamente cinco federações, que representariam cerca de 60 sindicatos, de
representantes comerciais autônomos, empresas de informática e estabelecimentos hípicos e de cultura física.
A principal delas, a Federação de Serviços do Estado de
São Paulo, fundada também
por Luigi, só recebeu registro
sindical no ano passado. Sua
existência é contestada pela
Fecomercio. "Essa Fesesp surgiu ao arrepio da lei. É uma entidade sem legitimidade", disse
Luis Antonio Flora, diretor jurídico da Fecomercio SP.
No STF
O registro sindical da CNS
também é contestado. No caso,
por três ações que tramitam no
Supremo Tribunal Federal. As
ações de inconstitucionalidade
foram apresentadas por 13 confederações de trabalhadores e
duas confederações patronais.
Ontem, CNI, CNA e CONSIF, que representam respectivamente a indústria, a agricultura e o sistema financeiro,
analisavam juntar-se à causa.
Também foi um ato de Lupi a
escolha da CNS para integrar o
Codefat, no lugar, por exemplo,
da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), fundada
em 1954 e que tem 29 federações, 2 sindicatos nacionais e 16
associações nacionais.
A CNS (Confederação Nacional de Saúde), que representa 8
federações, 86 sindicatos e todos os estabelecimentos do setor, também reivindicou vaga
no Codefat, mas se sentiu contemplada por Lupi com assento
no Conselho Curador do FGTS.
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