São Paulo, Sexta-feira, 30 de Julho de 1999
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ECONOMIA MUNDIAL
Mercado reage mal ao aumento de custos trabalhistas; Bolsa tem queda
Economia dos EUA cresce menos, mas salário sobe

RENATO FRANZINI
de Nova York

A economia dos EUA se expandiu a um ritmo bem menor do que o esperado no segundo semestre deste ano, segundo dados divulgados ontem pelo Departamento de Comércio.
Mas a divulgação de um outro índice ontem, mostrando um aumento dos custos trabalhistas, provocou medo nos investidores de aumento na taxa de juros e levou a uma queda abrupta da Bolsa de Nova York.
De acordo com o Departamento de Comércio, o PIB (soma das riquezas produzidas no país) americano cresceu a uma taxa anual de 2,3% entre abril e junho.
A taxa é bem menor do que o crescimento de 4,3% (taxa anualizada) verificado no primeiro semestre do ano. Também é menor do que a estimativa de 3,3% feita um dia antes por economistas ouvidos pela agência Reuters.
O relatório do Departamento de Comércio, que sofrerá revisões nos próximos meses, inclui um índice deflator de preços implícito, um tipo de índice de inflação.
Esse índice sofreu no período um aumento de 1,6% com relação ao período anterior, confirmando as expectativas e igualando o índice do primeiro trimestre.
Teoricamente, esses números serviriam para animar o mercado financeiro, pois indicariam que a economia não está mais tão aquecida como no primeiro trimestre, diminuindo a possibilidade de aumento nos juros.
Mas outro índice econômico divulgado ontem, o Índice de Custos do Emprego (ICE), simplesmente anulou qualquer efeito positivo dos dados do PIB.
Segundo o Departamento do Trabalho, o ICE subiu no trimestre 1,1%, a maior alta em oito anos. Economistas previam que a alta fosse de 0,8%, já maior do que a taxa de 0,4% verificada no primeiro trimestre.
O ICE é importante porque mede o aumento dos salários pagos sobre o aumento dos preços. Quando sobe muito, indica que as empresas estão pagando salários cada vez maiores por falta de trabalhadores qualificados.
O presidente do banco central dos EUA, Alan Greenspan, já reiterou que o ICE é um dos principais indicadores que usa para decidir por um aumento nos juros.
Sua teoria é a de que salários altos forçarão produtores a aumentar preços. Em junho, o Fed subiu a taxa de juros em 0,25 ponto percentual. O medo dos investidores é que uma nova reunião do Comitê de Mercados Abertos do Fed, daqui a três semanas, possa decidir por novo aumento -contrariando a tendência de "neutralidade" decidida em junho.
O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, caiu 180,79 pontos. O juro dos títulos federais de 30 anos subiu de 6,01% para 6,07%.


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