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ECONOMIA MUNDIAL
Mercado reage mal ao aumento de custos trabalhistas; Bolsa tem queda
Economia dos EUA cresce menos, mas salário sobe
RENATO FRANZINI
de Nova York
A economia dos EUA se expandiu a um ritmo bem menor do
que o esperado no segundo semestre deste ano, segundo dados
divulgados ontem pelo Departamento de Comércio.
Mas a divulgação de um outro
índice ontem, mostrando um aumento dos custos trabalhistas,
provocou medo nos investidores
de aumento na taxa de juros e levou a uma queda abrupta da Bolsa de Nova York.
De acordo com o Departamento de Comércio, o PIB (soma das
riquezas produzidas no país)
americano cresceu a uma taxa
anual de 2,3% entre abril e junho.
A taxa é bem menor do que o
crescimento de 4,3% (taxa anualizada) verificado no primeiro semestre do ano. Também é menor
do que a estimativa de 3,3% feita
um dia antes por economistas ouvidos pela agência Reuters.
O relatório do Departamento de
Comércio, que sofrerá revisões
nos próximos meses, inclui um
índice deflator de preços implícito, um tipo de índice de inflação.
Esse índice sofreu no período
um aumento de 1,6% com relação
ao período anterior, confirmando
as expectativas e igualando o índice do primeiro trimestre.
Teoricamente, esses números
serviriam para animar o mercado
financeiro, pois indicariam que a
economia não está mais tão aquecida como no primeiro trimestre,
diminuindo a possibilidade de
aumento nos juros.
Mas outro índice econômico divulgado ontem, o Índice de Custos do Emprego (ICE), simplesmente anulou qualquer efeito positivo dos dados do PIB.
Segundo o Departamento do
Trabalho, o ICE subiu no trimestre 1,1%, a maior alta em oito
anos. Economistas previam que a
alta fosse de 0,8%, já maior do que
a taxa de 0,4% verificada no primeiro trimestre.
O ICE é importante porque mede o aumento dos salários pagos
sobre o aumento dos preços.
Quando sobe muito, indica que as
empresas estão pagando salários
cada vez maiores por falta de trabalhadores qualificados.
O presidente do banco central
dos EUA, Alan Greenspan, já reiterou que o ICE é um dos principais indicadores que usa para decidir por um aumento nos juros.
Sua teoria é a de que salários altos forçarão produtores a aumentar preços. Em junho, o Fed subiu
a taxa de juros em 0,25 ponto percentual. O medo dos investidores
é que uma nova reunião do Comitê de Mercados Abertos do Fed,
daqui a três semanas, possa decidir por novo aumento -contrariando a tendência de "neutralidade" decidida em junho.
O índice Dow Jones, da Bolsa de
Nova York, caiu 180,79 pontos. O
juro dos títulos federais de 30
anos subiu de 6,01% para 6,07%.
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