São Paulo, Sexta-feira, 30 de Julho de 1999
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POLÍTICA MONETÁRIA
Queda para 19,5% causa certo temor
Mercado reage com surpresa aos juros

MARCELO DIEGO
da Reportagem Local

A taxa de juros de 19,5% ao ano, fixada anteontem pelo Copom (Comitê de Política Monetária), causou surpresa e um certo temor no mercado ontem.
O Copom reduziu em 1,5 ponto percentual a Selic. A expectativa era cair 0,5 ponto percentual.
Houve também uma mudança na tendência dos juros, passando-a de baixa (a taxa poderia ser reduzida quando o BC quisesse) para neutra (nova mexida só pode ocorrer na próxima reunião do Copom, em setembro).
"Psicologicamente, seria melhor uma redução menos agressiva, mas mantendo o viés de baixa. O mercado está enfrentando muita incerteza externa, e o clima interno também não está bom", disse Carlos Aírton Biasetto, diretor administrativo do Hexabanco.
O clima externo seria a situação da Argentina (que deve ficar instável até a eleição presidencial de outubro) e a possibilidade de aumento dos juros nos EUA.
"No curto prazo, a taxa pode funcionar. Mas a longo prazo continua uma incógnita. O mercado já começou a trabalhar com a possibilidade de ser necessário subir os juros no futuro", disse José Cândido de Melo, gerente de renda fixa do Banco Tendência.
"Acredito que os juros possam subir, se houver um agravamento da situação externa. Não adianta reduzir a taxa agora, tendo elementos que poderão nos influenciar", disse José Osvaldo Morales Jr., gerente da Novinvest.
Ontem, no leilão de títulos públicos com remuneração previamente acertada, os juros pagos foram altos: 21,38% na média, para papéis de 35 dias de prazo.
"O mercado ainda está observando a nova taxa e preferiu trabalhar pedindo juros altos", disse Rafael Cardoso, diretor de finanças do Banco Sudameris Brasil.
Para ele, no entanto, a medida do Banco Central foi acertada. "Dá sinal de que a economia terá um pouco mais de gás."
Segundo cálculos do vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel José Ribeiro de Oliveira, o impacto no crédito será pequeno. Ele diz que os juros ao consumidor podem ter um recuo de 0,51%, na média.


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