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São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

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DESENVOLVIMENTO

Para o ministro, país tem o desafio de crescer 5% ao ano; taxa maior esbarra nos gargalos da infra-estrutura

Palocci relativiza recessão e prevê retomada

João Wainer/Folha Imagem
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, durante debate comemorativo dos 20 anos da CUT


SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) admitiu ontem que o país passou por uma recessão "relativa". "É uma recessão em que as exportações crescem 30% e o setor de agronegócios cresce 5,5%", disse Palocci.
Segundo o ministro, há uma assimetria no processo produtivo, pois as empresas voltadas para o mercado externo têm obtido resultados muito expressivos. "Já os setores produtivos voltados para o mercado interno estão com problemas graves", acrescentou.
Para o ministro, porém, a mudança do quadro já começou. "Olhando pelo retrovisor, vemos queda da atividade econômica, mas olhando à frente já se vê uma interrupção dos indicadores negativos e uma sequência de redução de juros, que permitirá uma expansão do crédito, da demanda e a retomada da atividade econômica", disse Palocci.
Palocci participou de debate em comemoração dos 20 anos da CUT (Confederação Única dos Trabalhadores), com o presidente da central, Luiz Marinho, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Horacio Lafer Piva, e o economista Luiz Gonzaga Belluzzo (Unicamp), intitulado "Os desafios do crescimento econômico".
Palocci disse que o país tem condições de crescer a uma taxa de 3% ao ano, sem necessitar de novos investimentos, pois há capacidade ociosa no setor produtivo. Mas o desafio é definir como crescer 5% a 6% ao ano. A essas taxas, segundo o ministro, o país esbarraria nos gargalos do setor de infra-estrutura, especialmente na geração de energia.

Parceria
Questionado pelos debatedores sobre o que o governo está fazendo para superar tais gargalos e o histórico processo de "stop and go" da economia -crescimentos modestos seguidos de crises avassaladoras-, Palocci disse que o governo planeja investimentos em infra-estrutura que seriam financiados pelo setor público, pela iniciativa privada e por ambos, em parceria. "Se o governo sinalizar, com juros mais baixos e uma política de investimentos, a iniciativa privada vem [ajudar nos investimentos]", disse ele.
Para Piva, o empresariado ainda vai esperar para ver qual será a consistência da política de desenvolvimento para investir. Um dos entraves, segundo o presidente da Fiesp, é o peso dos tributos sobre os investimentos.

Descontração
Foi um debate descontraído, em que apenas uma questão ficou sem resposta do ministro. Marinho cobrou de Palocci a promessa de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva de dobrar o salário mínimo durante seu governo.
"Com o ritmo atual dos reajustes, o governo terá de elevar em 40% o salário mínimo nos dois últimos anos de governo. Será que vai dar?", disse Marinho, provocando risos na platéia de sindicalistas -patronais e de trabalhadores (para chegar a R$ 400, o mínimo teria de subir 17% em 2004, 20% em 2005 e 20% em 2006).
Palocci desconversou. Ele disse esperar que o governo, a cada ano, faça as escolhas certas dentro do Orçamento disponível.
"O salário mínimo tem impacto nas contas do governo e da Previdência Social (cerca de 14 milhões de aposentados recebem um salário mínimo).


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