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São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

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O VAIVÉM DAS COMMODITIES

Não é só café
O principal motivo da retração do Produto Interno Bruto agrícola no segundo trimestre deste ano foi o café. Analistas do setor acrescentam outros produtos, embora com menor participação, para essa retração: laranja, milho e exportações de carnes.

Menos laranja
Guilherme Dias, da Faculdade de Economia e Administração da USP e especialista em agricultura, diz que a retração maior se deve ao café, mas acrescenta a queda na produção de laranja. Ele acredita que essa redução do PIB agrícola "não é nada grave e que o quadro ainda é bastante favorável".

Participação do milho
Getúlio Pernambuco, da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária), diz que outro produto que teve pequena participação na queda do PIB agrícola no trimestre foi o milho. Os produtores estão transferindo a produção da safra de verão, colhida no início do ano, para a safrinha, que tem colheita em julho.

Exportações menores
Cláudia Viegas, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), inclui novos produtos à lista dos responsáveis pela queda do PIB: arroz e frango. A seca do final de 2002 provocou quebra na safra de arroz. Já a produção de carne de frango está se ajustando à nova exigência do mercado externo, que impôs cotas ao Brasil.

Dinâmica própria
O setor agrícola está com um ajuste marginal, o que não esgota o crescimento do setor, diz Juan Jensen, da Consultoria Tendências. O PIB agropecuário tem dinâmica própria e é beneficiado pelo setor externo. Se não há demanda interna, o setor procura o externo, diz Jensen.

Arroz asiático
Aumentou o interesse das indústrias pelo arroz asiático, diz o analista Romeu Fiod. Os preços são bem mais atrativos com a alíquota de 4%. O pagamento, no entanto, é um empecilho para alguns: 20% na assinatura do contrato e o restante dez dias antes de o arroz entrar nos portos brasileiros.

Mato Grosso aquecido
A puxada de preços do arroz gaúcho deu fôlego também ao produto mato-grossense. As vendas aumentaram e os preços reagiram. A oferta de arroz da região já é pequena e os Estados do Norte e Nordeste, tradicionais compradores de Mato Grosso, vão ter de importar mais arroz, diz Fiod.

Preços melhores
Os preços recebidos pelos produtores norte-americanos estão 8% acima dos de agosto de 2002, segundo dados do Usda. A alta ocorre tanto nos cereais como nas carnes. Dois itens cooperam para essa alta: trigo e leite.

Safra russa
A safra de cereais na Rússia não deverá mais atingir 70 milhões de toneladas, mas ficará entre 62 milhões e 68 milhões, segundo novas previsões de institutos privados. Assim como ocorre em toda a Europa, a principal quebra será na safra de trigo, que recua para 34 milhões de toneladas, contra os 37 milhões previstos anteriormente.

Mantida a escalada
O milho mantém uma escalada de alta neste mês, o que já preocupa os usuários sobre o comportamento dos preços do produto neste segundo semestre. A saca termina o mês com alta de 15% no norte do Paraná.

E-mail:
mzafalon@folhasp.com.br


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