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MERCADO FINANCEIRO
Participação de pessoas físicas atinge seu maior nível; nas negociações pela internet, alta é de 37% sobre 2003
Pequenos investidores batem recorde na Bolsa
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A campanha de popularização
do mercado de capitais conduzida pela Bovespa somada a medidas de incentivo tributário e à recuperação econômica tem dado
frutos. A participação do investidor pessoa física na Bolsa registrou recorde. Novas empresas
têm aberto o capital. E o volume
de negócios com ações via internet não pára de crescer.
A Bolsa de Valores de São Paulo
comemora o bom momento, depois da apatia de anos. Criado no
final da década de 90, o sistema
"home broker" (de compra e venda de ações pela internet) tem ganhado novos adeptos. De 3.330
aplicadores no início de 2000, o
sistema catalogou no mês passado 26.352 investidores.
"O "home broker" tem atraído
muito o pequeno investidor. As
pessoas estão buscando formas
de diversificar seus investimentos, principalmente agora que os
juros estão em níveis menores",
afirma Nami Neneas, superintendente de renda variável do Banif
Investment Banking.
A participação do investidor
pessoa física, que se manteve em
torno dos 15% até o fim da década
de 90, alcançou 30,1% dos negócios totais realizados na Bovespa
no mês de julho.
A entrada mais sólida dessa categoria de investidor no mercado
ajudou a Bolsa de São Paulo a alcançar uma média inédita de negócios realizados no pregão diariamente. Neste mês, a média tem
sido de 58,4 mil negócios por dia
-no ano, a média está em 53,9
mil. No ano passado, foi de 39,6
mil negócios diários e, em 1999,
de apenas 15,9 mil.
A maior dificuldade em ganhar
com as aplicações mais tradicionais e seguras -como os fundos
DI e de renda fixa, que seguem as
oscilações dos juros- tem motivado novos investidores a procurar o mercado acionário.
É importante lembrar, porém,
que aplicar em ações sempre traz
riscos bem maiores do que depositar os recursos na poupança, por
exemplo. No ano passado, a Bolsa
teve valorização de 97%. Mas,
neste ano, a alta da Bolsa é de modesto 1,62% -a poupança tem
rentabilidade de 5,29% em 2004.
Para Ike Rahmani, diretor da
Tática Asset Management, o pequeno investidor ainda se assusta
um pouco com o sobe-e-desce da
Bolsa e tende a sacar seus recursos
quando o mercado acionário começa a cair. "Mas o investidor
brasileiro começa a mudar sua
mentalidade e a pensar em investimentos a médio e longo prazos,
o que é importante para a Bolsa de
Valores", avalia.
Estima-se que apenas 5% dos
brasileiros participem do mercado acionário. Nos EUA, cerca da
metade da população aplica de alguma forma em ações.
Clubes
Uma modalidade que tem crescido é a de clubes de investimento
em ações. Desde que a Bovespa
iniciou seu programa de popularização do mercado, há cerca de
dois anos, o número de clubes
praticamente dobrou, chegando
aos 875 de agora.
Nesses clubes, as pessoas juntam seus recursos e montam uma
carteira com diferentes ações.
Desde 2002, a direção da Bovespa tem conduzido um programa
para tentar popularizar o mercado de capitais. Dentro desse programa, a Bolsa já visitou fábricas,
clubes e escolas e até mesmo
montou estande de informações
na praia. Agora, a Bovespa passou
a abrir as portas nos finais de semana para que mais pessoas possam conhecer o pregão.
A retomada do mercado de capitais também tem contado com
o impulso de medidas de incentivo do governo, como no campo
tributário. Neste mês, o governo
anunciou a diminuição da alíquota do Imposto de Renda que incide sobre investimentos em ações.
A partir de 2005, a alíquota do IR
cai de 20% para 15%. Em 2002, já
havia sido aprovada a isenção do
pagamento da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) sobre as operações nas Bolsas de Valores.
Em 2000, o governo permitiu
que os trabalhadores investissem
parte do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) em
ações da Petrobras. Em 2002, o
mesmo ocorreu com os papéis da
Companhia Vale do Rio Doce.
Analistas dizem esperar que esse tipo de operação, considerada
bem-sucedida pelo mercado, volte a ser permitida pelo governo.
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