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Medidas para o crédito poderão atrasar
Dúvidas jurídicas são o maior problema; governo ainda não sabe como acabar com a TR nos financiamentos habitacionais
Pacote de medidas deve
sair na próxima semana; "Estamos procurando uma solução técnica", disse o ministro do Planejamento
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem conseguir uma forma de
implementar as principais propostas para tentar aumentar a
concorrência e reduzir o custo
dos empréstimos bancários, o
pacote de estímulo ao crédito
que está sendo preparado pelo
governo corre o risco de ser esvaziado em relação ao pretendido originalmente.
Nos últimos dias, os técnicos
do governo correm contra o
tempo para evitar a desidratação total do pacote e garantir
fatos positivos que ocupem o
noticiário na semana que vem
para serem usados na campanha do presidente Lula.
Eles deverão servir para tentar anular o efeito negativo esperado com a divulgação, amanhã, do resultado do desempenho da economia no segundo
trimestre deste ano.
Depois de o ministro Guido
Mantega (Fazenda) transferir
para a semana que vem o anúncio das medidas, ontem foi a vez
de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, explicar ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva os motivos que fizeram o pacote empacar.
Meirelles, que estava em São
Paulo, teve encontro com o
presidente antes de embarcar
para Brasília, onde participou
da reunião mensal do CMN
(Conselho Monetário Nacional). Inicialmente, tudo seria
definido na reunião de ontem.
Pontos centrais
Dois pontos são considerados centrais no pacote, na avaliação de técnicos do governo,
mas ainda não se sabe como
implementá-los. O primeiro
permitirá aumentar o volume
de empréstimos para a compra
da casa própria sem a correção
do saldo devedor pela TR.
Nesse caso, a idéia inicial do
governo era que os financiamentos habitacionais com juros acertados previamente e
prestações fixas estivessem
vinculados ao desconto direto
na folha de pagamento.
No entanto avalia-se que essa
é uma medida muito difícil de
ser adotada porque exige mudanças na legislação.
Atualmente, alguns bancos já
oferecem financiamentos habitacionais sem a indexação pela
TR. Mas eles não podem computar essas operações no limite
exigido pelo Banco Central para aplicação no setor, que corresponde a 65% de tudo o que é
captado na poupança.
Pela legislação, só empréstimos que seguem as regras do
SFH entram no cálculo para
cumprimento dessa exigência.
E uma das normas previstas
na lei do SFH é que a correção
desses empréstimos será feita
pelo mesmo índice que remunera a poupança, fonte de recursos para essas transações.
Com isso, os bancos não têm
estímulo para aumentar a parcela desses financiamentos, e o
custo fica vinculado à TR.
Solução técnica
"Estamos procurando uma
solução técnica. Acho que dá
para sair", afirmou, ontem, o
ministro Paulo Bernardo (Planejamento).
Outro ponto tido como essencial, segundo a Folha apurou, diz respeito à migração, de
um banco para outro, dos créditos com desconto em folha.
A idéia original era que, ao liberar o trabalhador para poder
tomar esse crédito na instituição que lhe oferecesse taxas
menores, o governo iria estimular a concorrência.
O problema aí é a capacidade
do INSS, que é responsável pelo pagamento de boa parte dos
tomadores desses créditos -os
aposentados- para operacionalizar essa transferência.
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