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Valorização do real leva BC a ter prejuízo de R$ 30 bi no 1º semestre
Resultado é mais do que o dobro dos R$ 12,87 bi do mesmo período de 2006
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central amargou
prejuízo de R$ 30,304 bilhões
no primeiro semestre do ano
por conta, principalmente, da
valorização de 9,9% do real
diante do dólar. O resultado é
mais do que o dobro do registrado nos seis primeiros meses
de 2006, quando a instituição
apresentou saldo negativo de
R$ 12,871 bilhões.
O BC carrega entre seus ativos as reservas internacionais
(que já ultrapassaram US$ 160
bilhões). Com a apreciação do
real, o estoque de moeda estrangeira tem seu volume reduzido, gerando impacto negativo
na contabilidade do banco.
Além disso, as operações especiais de câmbio realizadas pela
instituição -os chamados
"swaps cambiais"- geraram
custo de R$ 4,4 bilhões.
A variação cambial e as perdas provocadas pelas operações de "swap" foram responsáveis por um resultado negativo de R$ 29,219 bilhões. "Não
se trata de prejuízo. O BC ainda
detém as reservas internacionais nos seus ativos e sofre tanto o efeito da valorização ou
não da moeda local", disse o diretor de Administração do BC,
Gustavo do Vale.
Na avaliação do Banco Central, o resultado negativo provocado pela variação cambial
deve levar em conta a política
do governo de reduzir a exposição do setor público a movimentos bruscos na taxa de
câmbio. Ou seja, com a acumulação de reservas, o país está
mais preparado para enfrentar
choques externos e os efeitos
que tais choques podem ter sobre a dívida externa, que é contabilizada pelo Tesouro.
Vale enfatiza que a valorização de 9,9% do real traz um benefício em contrapartida. "Há
um efeito inverso nas contas do
Tesouro. Todo o passivo cambial sofre efeito idêntico [ao do
Banco Central], mas com sinal
contrário", declarou o diretor,
referindo-se à dívida externa.
Outro R$ 1,085 bilhão de prejuízo foi registrado pelo BC nas
operações que excluem a variação cambial e os "swaps". Os
principais motivos para esse
resultado foram a remuneração da conta única do Tesouro e
as despesas de custeio do próprio Banco Central.
O saldo negativo total do BC
no semestre será coberto em
janeiro de 2008 pelo Tesouro,
que entregará ao banco títulos
públicos federais. O balanço semestral do BC foi aprovado ontem pelo CMN. Ainda ontem o
conselho aprovou duas resoluções estabelecendo novas exigências de capital para os bancos enfrentarem riscos. A partir de julho de 2008, as instituições deverão cobrir, por exemplo, riscos de exposição em
ações e commodities (produtos
com cotação internacional).
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