São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2008

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Contra recessão, Japão lança pacote de US$ 106 bi

Medidas incluem corte no Imposto de Renda e subsídios a combustíveis

Para estimular a 2ª maior economia mundial, que passa pela maior contração em 7 anos, governo concede empréstimos para empresas


MICHIYO NAKAMOTO
DO "FINANCIAL TIMES"

O governo japonês revelou ontem uma série de medidas de emergência para estimular a economia em crise do país, entre as quais um corte no Imposto de Renda, subsídios aos combustíveis e empréstimos governamentais a empresas, em um pacote de estímulo de valor estimado em 11,5 trilhões de ienes (US$ 105,7 bilhões).
O pacote foi anunciado quando os dados indicaram que a inflação do país superou os 2% anuais pela primeira vez em uma década e se segue a indicadores anunciados anteriormente neste mês, que apontam que a segunda maior economia do mundo -superada apenas pelos EUA- passou no segundo trimestre pela sua maior contração em sete anos.
Os economistas acreditam agora que o Japão esteja vivendo um período de estagflação ou até mesmo de recessão, com uma queda das exportações e em meio ao enfraquecimento da demanda mundial.
Os preços básicos ao consumidor, que excluem os alimentos frescos, subiram em 2,3% em julho, depois de mostrarem alta de 1,9% em junho, mas os preços dos bens comprados ao menos 15 vezes por ano mostram alta de 3,6%, segundo o governo.
As medidas de estímulo sublinham as pressões que o primeiro-ministro Yasuo Fukuda enfrenta com a insatisfação pública pela alta dos preços num momento em que os salários estão estagnados.
"É necessário responder rapidamente ao sofrimento e preocupações do público, e importante implementar as medidas o mais rápido possível", disse Fukuda ontem.
O primeiro-ministro terá de convocar eleições para a poderosa Câmara Baixa do Legislativo no máximo até setembro do ano que vem, mas o apoio popular ao Partido Liberal Democrata, que ele lidera, continua baixo, em cerca de 30%.

Críticas
O pacote de estímulo recebeu amplas críticas por ser menos abrangente que os US$ 100 bilhões em impostos restituídos diretamente aos contribuintes dos EUA pelo governo do país, alguns meses atrás, como parte de seus esforços para responder às perspectivas econômicas desfavoráveis.
"Parece-me que o impacto desse pacote será relativamente pequeno", disse Robert Feldman, economista-chefe do Morgan Stanley em Tóquio.
A substância do pacote provavelmente não remediará o problema fundamental da economia japonesa, que é a baixa produtividade, ele disse.
Muitas das medidas refletem os esforços do governo para resolver as preocupações das pequenas empresas, que foram as mais prejudicadas pelos custos mais elevados da energia e das matérias-primas, bem como pelas condições de crédito mais apertadas.
O governo disse que anunciaria planos para um corte no Imposto de Renda antes do final do ano.

PIB
O PIB (Produto Interno Bruto) do Japão se contraiu em 0,6% no segundo trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores. Na taxa anualizada, o recuo foi de 2,4%.
Esse anúncio acendeu a luz amarela de que o país caminha para uma recessão, após seu maior período de crescimento desde a Segunda Guerra.
A desaceleração da economia mundial afetou as exportações do país, que recuaram 2,3% de abril a junho, a primeira queda em três anos e a maior desde 2001, quando também enfrentava uma recessão.
O aumento mundial nos preços dos alimentos e dos combustíveis também interferiu no gasto dos consumidores -no caso japonês representa mais da metade do PIB. Houve queda de 0,5% no segundo trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado.
O recuo anterior no PIB japonês havia ocorrido no segundo trimestre de 2007pansão. Os dados do primeiro trimestre também foram revistos e apontaram crescimento de 0,8% ante os três últimos meses do ano passado.


Tradução de PAULO MIGLIACCI Colaborou a Redação


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