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Com ações ajustadas ao atual nível do dólar, novos ganhos são incertos
DA REPORTAGEM LOCAL
Olhar pelo retrovisor para investir em ações não é boa política,
dizem os analistas. Se os papéis
das empresas voltadas para o
mercado externo se deram bem
nos últimos meses, não significa
que os ganhos continuarão.
O novo patamar da taxa de
câmbio fez crescer a competitividade das empresas exportadoras
elevando sua rentabilidade e o valor desses grupos. A rentabilidade
sobre o patrimônio líquido da
Companhia Vale do Rio Doce,
por exemplo, saltou de 11%, em
1998, para 28% no ano passado.
O resultado foi a alta de 56,8%
do papel acumulada até a última
quinta-feira. Mas, segundo Julio
Ziegelmann, do BankBoston Asset Management, os preços dos
papéis das exportadoras clássicas
como a Vale, a Aracruz ou a Votorantim já estão ajustados para o
atual patamar do câmbio.
"O preço das ações está ajustado
para o dólar acima de R$ 3", diz
Ziegelmann. "Só se o dólar voltar
a subir em 2003, essas empresas
terão mais ganhos, o que valorizará seus papéis", acrescenta.
Na sua opinião, os fundos e os
papéis de empresas exportadoras
são hoje uma opção para quem
quer correr menos risco nas aplicações em Bolsa. "São papéis de
boa liquidez e menor volatilidade
[oscilação"", diz ele. "Entretanto,
devem oferecer retorno menor no
longo prazo."
A Investidor Profissional ainda
identifica boas oportunidades de
investimento no setor. O objetivo
do fundo, segundo a empresa, é
comprar papéis de exportadoras
que ainda não atingiram seu valor
justo em dólar.
Fábio Alperovitch, sócio-diretor da Fama Investimentos, também apostou em ações de empresas que atuam no mercado externo em seu fundo Fama Futurewatch. Segundo ele, 60% dos papéis do fundo são de empresas de
médio porte que exportam entre
20% e 30% da produção.
Modismos
Mas ele se diz contrário ao "endeusamento" de papéis setoriais.
"O mercado já fez isso no passado
recente com as empresas de telefonia, de energia elétrica e de internet, lançando fundos setoriais", lembra ele. "Depois de um
período inicial de grande valorização, passaram a render mal."
Alperovitch recomenda aos investidores fundos cujos gestores
conseguem identificar, a cada
momento, as melhores oportunidades do mercado sem se deixar
levar por modismos.
(SB)
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