São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 2002

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Com ações ajustadas ao atual nível do dólar, novos ganhos são incertos

DA REPORTAGEM LOCAL

Olhar pelo retrovisor para investir em ações não é boa política, dizem os analistas. Se os papéis das empresas voltadas para o mercado externo se deram bem nos últimos meses, não significa que os ganhos continuarão.
O novo patamar da taxa de câmbio fez crescer a competitividade das empresas exportadoras elevando sua rentabilidade e o valor desses grupos. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido da Companhia Vale do Rio Doce, por exemplo, saltou de 11%, em 1998, para 28% no ano passado.
O resultado foi a alta de 56,8% do papel acumulada até a última quinta-feira. Mas, segundo Julio Ziegelmann, do BankBoston Asset Management, os preços dos papéis das exportadoras clássicas como a Vale, a Aracruz ou a Votorantim já estão ajustados para o atual patamar do câmbio.
"O preço das ações está ajustado para o dólar acima de R$ 3", diz Ziegelmann. "Só se o dólar voltar a subir em 2003, essas empresas terão mais ganhos, o que valorizará seus papéis", acrescenta.
Na sua opinião, os fundos e os papéis de empresas exportadoras são hoje uma opção para quem quer correr menos risco nas aplicações em Bolsa. "São papéis de boa liquidez e menor volatilidade [oscilação"", diz ele. "Entretanto, devem oferecer retorno menor no longo prazo."
A Investidor Profissional ainda identifica boas oportunidades de investimento no setor. O objetivo do fundo, segundo a empresa, é comprar papéis de exportadoras que ainda não atingiram seu valor justo em dólar.
Fábio Alperovitch, sócio-diretor da Fama Investimentos, também apostou em ações de empresas que atuam no mercado externo em seu fundo Fama Futurewatch. Segundo ele, 60% dos papéis do fundo são de empresas de médio porte que exportam entre 20% e 30% da produção.

Modismos
Mas ele se diz contrário ao "endeusamento" de papéis setoriais. "O mercado já fez isso no passado recente com as empresas de telefonia, de energia elétrica e de internet, lançando fundos setoriais", lembra ele. "Depois de um período inicial de grande valorização, passaram a render mal."
Alperovitch recomenda aos investidores fundos cujos gestores conseguem identificar, a cada momento, as melhores oportunidades do mercado sem se deixar levar por modismos. (SB)


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