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COMÉRCIO EXTERIOR
Para departamento ligado ao Congresso americano, posições opostas podem atrasar negociação da Alca
Brasil é intransigente, diz órgão dos EUA
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Um órgão ligado ao Congresso
dos Estados Unidos qualifica o
Brasil como um negociador "intransigente" e já antecipa um
"atraso" no prazo ou uma "diminuição nos objetivos" da Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas), prevista para começar
em janeiro de 2005.
Segundo estudo realizado pelo
Serviço de Pesquisas do Congresso norte-americano, a expectativa
de fracasso da Alca poderá azedar
ainda mais as relações dos Estados Unidos com o Brasil e deve levar os norte-americanos a uma
estratégia que pode implodir de
vez qualquer chance de sucesso
para a conclusão das negociações
para a implantação do bloco econômico.
"Os Estados Unidos estão prontos para se mover rapidamente
em direção a acordos bilaterais
com países da América Latina, diminuindo o poder de barganha
coletivo de alguns, o que deve minar ainda mais o processo de formação da Alca", afirma o documento.
"O Brasil é muito menos dependente dos Estados Unidos do que
outros países latino-americanos e
tende a se dobrar menos à pressão
americana do que, por exemplo,
países da América Central"", diz o
relatório.
O documento com a análise
pessimista em relação ao ambicioso projeto de formar uma área
de livre comércio entre 34 países
das Américas foi encaminhado
aos congressistas norte-americanos na semana passada.
Relatórios do tipo são, em alguns casos, as principais fontes de
informação dos parlamentares
americanos sobre o andamento
de negociações e iniciativas da
Presidência dos Estados Unidos e
costumam pautar suas opiniões e
decisões.
O documento afirma que o "colapso" das negociações comerciais no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio), há
algumas semanas em Cancún, no
México, deixou o Brasil e os Estados Unidos diante de "caminhos
cruzados" e em "posições opostas".
OMC
Na reunião da OMC em Cancún, o Brasil e a Índia, principalmente, lideraram o chamado G21
(grupo de países em desenvolvimento) contra a posição das nações desenvolvidas de não fazer
concessões para o acesso em seus
mercados agrícolas.
Dias depois da reunião no México, o representante de Comércio dos Estados Unidos, Robert
Zoellick, responsabilizou diretamente o Brasil pelo fracasso das
negociações -cujo resultado favorável poderia ajudar a acelerar
a formação da Alca.
O relatório do órgão ligado ao
Congresso americano também
demonstra pouco otimismo com
o resultado da próxima reunião
ministerial da Alca, prevista para
novembro deste ano, em Miami,
nos Estados Unidos.
Um encontro preparatório para
essa reunião começa hoje, em Trinidad e Tobago.
Atraso
"Se um consenso não for atingido em novembro, a Alca provavelmente será atrasada ou transformada em um acordo com objetivo menor, ou as duas coisas",
diz o documento.
O Congresso americano avalia
ainda que, "apesar do compromisso assumido" entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula
da Silva, e dos EUA, George W.
Bush, durante encontro em 20 de
junho passado, "os dois países seguem tendo noções muito distintas em relação ao que imaginam
para a Alca".
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