São Paulo, sábado, 30 de setembro de 2006

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Mercado Aberto

Guilherme Barros @ - guilherme.barros@uol.com.br

Economista propõe metas de desempenho para a economia

O reconhecimento do Banco Central de que o crescimento da economia neste ano será menor do que o previsto se equivale ao algoz admitir o estrago que fez a sua vítima.
A frase, do economista Antonio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP e diretor do departamento de economia do Ciesp, reforça sua tese de que foi errada a estratégia de política monetária adotada pelo Banco Central.
O BC, na sua opinião, exagerou na dose na política monetária, mantendo os juros reais excessivamente elevados durante muito tempo. Foi esse exagero que provocou a redução da perspectiva de crescimento da economia brasileira, apesar do quadro internacional favorável e dos avanços em fundamentos da economia doméstica.
Para o economista, a maior prova do erro do BC é a discrepância que existe entre o PIB e a inflação. Enquanto a média das projeções de crescimento do PIB baixou de 4% para 3%, a previsão da inflação deve ficar inferior a 3%, bem abaixo da meta de 4,5%.
Como a queda da inflação foi muito grande, com possibilidades de fechar o ano em 2,5%, a redução de juros do BC foi praticamente inócua, dado que o juro real (Selic menos a expectativa de inflação para os próximos 12 meses) permaneceu na casa de 10% ao ano, uma taxa muito superior à média internacional.
Como o governo deve cerca de R$ 1 trilhão e grande parte dessa dívida é influenciada pelos juros, o custo de financiamento atinge em média 8% do PIB ao ano. Segundo Corrêa de Lacerda, isso limita o espaço para os investimentos públicos, e compromete não apenas o desempenho da economia no curto prazo, mas principalmente no médio e longo prazos.
De acordo com o economista, o que aconteceu neste ano mostra que o atual modelo está esgotado. O desafio do próximo governo será repensar essa fórmula sem abrir mão das conquistas obtidas, como as da inflação e as das contas externas .
Apesar do discurso dos candidatos de que a atual política econômica será mantida, Lacerda acha que ela não terá mais sustentação. Não faz sentido, para ele, o BC só pensar em metas de inflação, a Fazenda, em superávit primário, e a Receita, em arrecadação.
"O país precisa de metas múltiplas de desempenho, abrangendo investimento, conta externa, PIB, dívida pública, etc", diz o economista. "Em uma palavra, o país precisa de planejamento, coisa que os neoliberais odeiam."

DESIGN CONCEITUAL
Responsável pela identidade visual usada em todo o mundo para divulgar o festival Nokia Trends, a Tátil, empresa de design carioca especializada em "branding", direciona hoje grande parte de seu poder de criação para duas empreitadas. A primeira delas, o Tim Festival, que será realizado este mês em quatro cidades. Além de ter desenvolvido a marca, a empresa criou o conceito da edição deste ano. "Nos baseamos na cultura indie e convidamos artistas de rua [gráficos] para desenvolver o tema", diz Fred Gelli, sócio-fundador da Tátil, que também é dirigida por Gustavo Gelli e Patrícia Pinheiro. A segunda ação está ligada à Brastemp. A marca de eletrodomésticos contratou a empresa para reformular sua imagem. A idéia é deixá-la mais contemporânea. "Definimos até os nomes da linha de fogões, por exemplo", afirma Gelli.

NO FOTOCHART
Para que haja segundo turno, não basta que as abstenções e os votos inválidos sejam iguais aos da eleição passada. Lula perderia cerca de 1% dos votos válidos, mas seria reeleito no primeiro turno, afirma Rogério Schmitt, da Tendências. Para ele, "só haverá segundo turno se as intenções de voto em Lula caírem entre 2% e 3%, em favor dos candidatos de oposição, ou se a proporção de votos brancos, nulos e abstenções crescer em relação a 2002".

TV DIGITAL
A Philips investirá US$ 25 milhões com a implantação da TV digital no país. De acordo com o vice-presidente da divisão de eletrônicos de consumo da companhia no Brasil, José Fuentes, neste valor estão incluídos os gastos com pesquisa e desenvolvimento de software e hardware para a transmissão digital, testes e treinamento para o desenvolvimento e adequação ao sistema brasileiro de transmissão adotado neste ano pelo governo.

TECIDOS
As vendas do setor de tecidos cresceu 3,5% em setembro, em comparação a agosto, segundo levantamento do Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos, Vestuário e Armarinhos de SP. Já em relação a setembro de 2005, houve redução de 2%.

FRANQUIA
A reunião anual do Conselho Mundial de Franquias acontece na terça e na quarta, na Costa do Sauípe (BA). Participam associações da Bélgica, EUA e outros.

MARANHENSE
A fundação Alcoa escolheu São Luís, capital do Maranhão, para sua primeira reunião fora dos EUA, em mais de 50 anos da entidade. No evento, que ocorre na quinta, serão avaliadas ações de desenvolvimento sustentável. Os integrantes do conselho e dirigentes do instituto visitarão projetos, se encontrarão com representantes de organizações da sociedade civil, do poder público e líderes comunitários de São Luís, onde se localiza a fábrica de alumínio Alumar, operada pela Alcoa.

FOCO NO SUL
A Casas Bahia inaugura, na quarta, o primeiro centro de distribuição da região Sul, em São José dos Pinhais, no Paraná. O novo depósito teve investimentos de R$ 33 milhões e gerou cerca de 200 empregos diretos. Com 70 mil m2 de área, o depósito está previsto para realizar em média cem mil entregas mensais. O centro abastecerá todas as filiais do Sul, atendidas anteriormente pelo centro de Jundiaí.

Nestlé lança achocolatado para o verão

Para o calor, a Nestlé apostou em um ingrediente nativo da Amazônia para incrementar seus produtos à base de chocolate. A empresa se prepara para dispor nas gôndolas dos supermercados o seu Nescau Guaraná, que vem juntar-se à linha formada pelo Nescau Power, o Nescau ao Café -lançado no ano passado- e as duas versões light do produto (em pó e pronto para beber). "A idéia da bebida é pegar novos consumidores em novos horários de consumo", diz Jürg Blaser, diretor da Divisão de Cafés, Bebidas e Food Service da Nestlé no Brasil. Blaser afirma que a idéia é que o produto seja consumido gelado, à tarde. "Não queremos que o Nescau Guaraná concorra com o tradicional, muito consumido no café da manhã. Não vamos promover um "canibalismo" com nossos produtos", diz.


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