São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 2002

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EMPRESAS

Ajuste do grupo deve cortar pessoal, segundo previsão do mercado

Standard & Poor's rebaixa Globopar

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou ontem as classificações da Globopar, TV Globo e Net (ex-Globo Cabo), empresas controladas pelas Organizações Globo. O rebaixamento foi consequência do anúncio, anteontem, de que a Globopar declarou reescalonamento de sua dívida financeira (empréstimos) por 90 dias.
Embora as empresas do grupo não revelem os planos de ajustamento (cortes de custos), no mercado são esperados anúncios de medidas que devem incluir cortes de pessoal. Os primeiros ajustes deverão ocorrer na área de Internet (Globo.com).
Feitas pela Standard & Poor's, as classificações da Globopar, holding que controla a maioria das participações acionárias das Organizações Globo (estão fora da Globopar a TV Globo, a Infoglobo (jornais) e o Sistema Globo de Rádio), passaram de B/negativa para CC com observação (creditWatch) negativa na escala global; e de brBBB- para brCC com observação negativa na classificação da escala nacional de crédito corporativo.
As emissões da Globopar e as dívidas sem garantias da TV Globo e da própria Globopar foram rebaixadas de B para CC com observação negativa. Os débitos da Net Serviços de Comunicação foram rebaixados de CCC+ para CC, mantendo a observação negativa na qual já haviam sido colocados em junho deste ano.
Pela escala global da agência, uma classificação B significa que a empresa tem risco de inadimplência, mas apresenta capacidade de honrar seus compromissos financeiros. Já o CC é considerado "altamente vulnerável", com a empresa correndo o risco de ser retirada da lista de classificadas se deixar de pagar uma obrigação financeira que não seja sujeita a disputa comercial.
A nota da Standard & Poor's sobre a Globopar e a TV Globo informa que a dívida própria da Globopar soma US$ 1,2 bilhão, a maior parte dela garantida pela TV Globo. Ostras dívidas de subsidiárias, garantidas pela Globopar, somam US$ 410 milhões. Os vencimentos até o fim do ano somam US$ 130 milhões.
A agência diz que o perfil financeiro da Globopar "vem se deteriorando desde 2001, como resultado de um declínio agudo das receitas por causa de um mercado publicitário adverso". A situação teria sido agravada pela desvalorização do real em relação ao dólar norte-americano.
Sobre a Net, empresa de TV por assinaturas, a agência diz que, mesmo não havendo cláusula de inadimplência cruzada entre as dívidas da Net e o chamado reescalonamento da Globopar, sendo a primeira controlada pela segunda, é provável que o mercado fique mais restritivo para a primeira em decorrência do problema da Globopar.
Segundo a análise, a decisão da Globopar poderá prejudicar o processo de renegociação da dívida da Net, em fase de conclusão. A Globopar informou que não se pronunciará sobre o assunto.
As ações da Net (antiga Globo Cabo) reagiram de forma surpreendente. No pregão de ontem na Bovespa, as ações preferenciais da Net subiram 21,7%.


Colaborou a Reportagem Local


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