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ATA DA DISCÓRDIA
Política de preços é responsabilidade da estatal, afirmam Henrique Meirelles, José Alencar e Berzoini
Governo tenta minimizar crise BC/Petrobras
DA FOLHA ONLINE
DA REDAÇÃO
O governo tentou ontem minimizar os efeitos das farpas públicas trocadas entre a Petrobras e o
Banco Central sobre a política de
reajuste de preço dos combustíveis praticada pela estatal.
O presidente do BC, Henrique
Meirelles, o vice-presidente da
República, José Alencar, e o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, afirmaram, em momentos
diferentes, que não há discordância de condução da política econômica dentro do governo. O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo a Folha apurou, discordou da discussão pública entre
a estatal e o Banco Central.
Ontem, durante seminário em
São Paulo, Meirelles tentou minimizar os efeitos da divergência.
Na ata do Copom (Comitê de
Política Monetária), divulgada
anteontem, o BC aponta que a demora no reajuste do preço dos
combustíveis no mercado interno
causa maior expectativa futura de
inflação. Diz que a recomposição
pode ser "protelada, mas não evitada". Isso foi apontado como um
dos fatores para a alta dos juros
-de 16,25% para 16,75% ao
ano- promovida na semana
passada pela instituição.
A Petrobras revidou, por meio
de nota divulgada ainda anteontem. A empresa defendeu sua política de reajustes e disse que não
emite opinião sobre juros.
Ontem, o presidente do BC
usou tom conciliador para falar
sobre o assunto. "Concordamos
integralmente que é da Petrobras
a total responsabilidade pela definição dos preços", afirmou.
Ele disse, porém, que é tarefa do
BC acompanhar os preços da economia e que, no momento atual, a
principal preocupação é o encarecimento do barril do petróleo.
Segundo Meirelles, a própria divergência pública era positiva por
dar a chance de que ficasse definida exatamente a atribuição de cada uma das duas instituições.
Por último, o presidente do BC
considerou normal que a instituição faça projeções sobre o impacto dos preços do petróleo na economia e afirmou que a instituição
continuará a fazê-lo, sem que isso
implique necessariamente discordância com a Petrobras. "Essas
projeções não representam política de interferência na definição
desses preços."
Já o vice-presidente, José Alencar, disse que o governo precisa
de mais diálogo. "São todos do
mesmo governo. Com o diálogo,
evitam-se acontecimentos desse
tipo, que podem ser interpretados
de forma diferente do que deveriam", disse Alencar, que participou de almoço na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), ontem.
"Temos que acreditar na excelência administrativa da Petrobras, que sabe o que está fazendo", afirmou.
O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, negou que o atrito represente um desgaste da política
econômica do governo.
"Quando uma empresa como a
Petrobras, que tem a responsabilidade de explicitar para o país a
sua política de preços, diz que a
ata do Copom contém algo com
que não concorda, está falando
daquilo que é a sua responsabilidade, e não questionando a política econômica", afirmou.
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