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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Acordo do BC com o Fed estabiliza câmbio
O acordo fechado entre o
Banco Central e o Federal Reserve (o BC americano) de troca de reais por dólares foi acertado na semana passada, dias antes de o governo ter editado a
medida provisória 443, que autoriza o BC a fazer a operação.
O acordo foi costurado numa
conversa por telefone entre o
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, e o presidente do Fed, Ben Bernanke. O
objetivo de Meirelles foi sondar
se o Fed estaria disposto a fazer
essa operação de troca ("swap")
de reais por dólares. Bernanke
deu o sinal verde.
A MP 443, no que diz respeito a essa medida especificamente, sempre teve o objetivo
de se tornar uma nova ferramenta do BC de captação de
dólar para o país para evitar o
uso das reservas internacionais. Desde que o dólar disparou, o BC tem procurado poupar ao máximo ter de queimar as reservas para conter a alta da
moeda americana.
Segundo Luiz Carlos Mendonça de Barros, economista-chefe da Quest Investimentos,
essa operação aprovada pelo
Fed não deixa de ser uma demonstração importante de
confiança no Brasil.
"É um empréstimo do FMI
sem condicionalidades", diz
Mendonça de Barros.
O economista diz, ainda, que
o Brasil só conseguiu esse acordo com o Fed, ao lado de outros
países emergentes, como Cingapura, Coréia do Sul e México,
por ter atingido o grau de investimento.
Mendonça de Barros afirma
também que essa medida vai
contribuir significativamente
para estabilizar a cotação do
dólar. Para ele, o dólar deve se
manter, a partir de agora, próximo a R$ 2, o que não é ruim.
Ajuda os exportadores e o impacto inflacionário é reduzido
com a queda nos preços das
commodities.
O economista diz ainda que
tem sido positiva a atuação do
Banco Central nesta crise, depois de ter demorado um pouco
a agir quando a cotação do dólar começou a subir.
Folha Top of Mind premia
48 marcas mais lembradas
O prêmio Folha Top of Mind
reuniu 900 pessoas no HSBC
Brasil, em São Paulo, na noite
de terça-feira, e distribuiu 57
troféus para 48 empresas. Nesta 18ª edição, conquistaram o
Top Performance as marcas
Nokia, de telefone celular, e Visa, de cartão de crédito, que
apresentaram crescimento de
quatro pontos percentuais no
índice de lembrança pelos consumidores em relação a 2007.
"O prêmio é o resultado da
consistência de nossos produtos e de nossa comunicação",
diz Marcelo Câmara, gerente
de marketing da Nokia.
Segundo Alessandro Janoni,
diretor do Datafolha, a pesquisa é a única que fornece um histórico valioso, com 18 anos de
levantamentos nacionais, com
entrevistas no país inteiro, em
segmentos socioeconômicos.
Luis Cássio de Oliveira, diretor de marketing da Visa, marca que também está na liderança do Top Performance, credita
o fato de os consumidores se
lembrarem da Visa à inovação
e à diversificação dos produtos.
Coca-Cola e Omo também
protagonizaram um empate na
disputa do prêmio Top do Top,
que avalia as marcas mais presentes na memória do brasileiro, independentemente da categoria. "O prêmio é um incentivo para continuarmos reconhecendo as necessidades dos
consumidores", resume Priya
Patel, diretora de marketing de
higiene e limpeza da Unilever.
A experiência e a solidez das
marcas foram citadas como
grandes trunfos das empresas
diante da possibilidade de uma
recessão global. "Aprendemos
com as crises dos mercados da
Ásia e da Argentina. Na hora
em que todo mundo pára de investir, temos de investir mais",
analisa Ricardo Fort, diretor da
Coca-Cola Brasil.
Campeão na categoria banco
desde a primeira edição do prêmio, em 1992, o Banco do Brasil (BB), que comemora 200
anos de história em 2008, é um
exemplo dessa confiança. "Em
2009, os investimentos serão
mantidos: R$ 200 milhões para
publicidade e propaganda,
R$ 60 milhões para esporte e
R$ 48 milhões para marketing
cultural", afirma Jussara Silveira, diretora de marketing e
comunicação do BB.
Já a diretora de marketing da
TAM, Manuela Amaro, diz que
a alta do petróleo e do dólar já
atingiu o setor da aviação. "Tivemos de reestruturar nosso
planejamento para o segundo
semestre e, com certeza, o primeiro semestre do ano que
vem terá orçamento de tempos
de crise", afirma. "Por isso, o
prêmio [a TAM é a companhia
aérea mais citada pelos brasileiros] tem um gosto especial
para nós. Não foi um ano de investimento alto em marketing,
mas fizemos uma comunicação
consistente", diz Manuela.
A margarina Qualy, produzida pela Sadia, ocupa sozinha,
pela primeira vez, a liderança
de sua categoria. "O que difere
esse prêmio dos demais é que
ele mede o "calor da ruas", nos
possibilita avaliar o que o consumidor pensa", diz Eduardo
Bernstein, diretor de marketing da Sadia.
DIAS CONTADOS
A crise financeira deve encerrar um ciclo de efetivação de
trabalhadores temporários que vinha acontecendo nos últimos anos no Brasil. Para Mário Fagundes, consultor de RH
da Catho Online, o varejo deve manter a contratação de funcionários para o Natal deste ano, prevista em cerca de 1,5
milhão, mas eles estarão desempregados em janeiro. Segundo ele, a crise deve interromper a criação de novas vagas na
maioria dos setores, mas os empregos existentes não devem
ser cortados. "Os setores mais prejudicados serão os que dependem de consumo e crédito", diz Fagundes.
AMPULHETA
Os lojistas cadastrados no Zura!, portal de comparação
de preços, estão usando giro de estoque antigo, por isso
ainda não elevaram preços, segundo Marcelo Peregrino,
presidente do Zura!. "Acho que muitos têm intenção de
elevar." O portal teve alta nas buscas de produtos de 32%
no segundo trimestre. Se destacam TVs, PCs e celulares.
CORTE
As demissões já começaram no setor imobiliário. Os
cortes fazem parte da revisão de gastos ante a crise.
Nas duas últimas semanas, o
segmento de imóveis de alto
padrão sentiu os clientes
mais cautelosos. "As construtoras focadas em clientes
de alta renda devem rever
sua previsão de lançamentos
e, com isso, reduções de pessoal são normais", diz Flávio
Prando, do Secovi.
DOSSIÊ DA CRISE
Luiz Carlos Bresser-Pereira, Marcos Cintra e outros 19 economistas da Associação Keynesiana Brasileira lançaram anteontem o
"Dossiê da Crise", que reúne
artigos sobre o tema.
NA ESTRADA
Os fundos de pensão Funcef e Petros irão participar
do Consórcio Invepar, vencedor da primeira etapa do
Programa de Concessões
Rodoviárias do Estado de
São Paulo. Trata-se do primeiro investimento em infra-estrutura de estradas
que os fundos de pensão
pretendem fazer em 2009.
Em parceria com a Construtora OAS, o Invepar será responsável pelos 444 quilômetros da rodovia Raposo Tavares, mais 389,8 km de estradas vicinais e precisará
pagar outorga de R$ 634 milhões no prazo de 18 meses,
sendo 20% na assinatura do
contrato. A rodovia exigirá
também investimentos de
R$ 1,803 bilhão durante os
30 anos da concessão.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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