|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Decisão divide indústria, comércio e centrais
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão do Copom de manter a taxa de juros em 13,75% ao
ano dividiu a opinião da indústria, do comércio e das centrais
sindicais. Para a indústria paulista, a medida não favorece a
economia do país, em meio a
uma crise internacional. Já representantes do comércio, do
setor de infra-estrutura e da indústria nacional avaliam que a
medida foi correta ao levar em
conta o risco de recessão.
A Fiesp (federação das indústrias paulistas) ressaltou que,
enquanto nos EUA os juros caíram de 1,5% para 1% ao ano e os
bancos centrais do mundo sinalizam para o corte da taxa, o
Brasil não agiu na mesma direção. Em nota, diz que, em abril
deste ano, o Copom iniciou um
processo de aumento da Selic,
para encarecer o crédito e não
deixar que o aquecimento da
economia pudesse trazer aumento da inflação. "Essa intenção vai em sentido oposto à
pretendida pelo mundo no
atual cenário econômico."
Paulo Skaf, presidente da
Fiesp, afirma que "a manutenção da Selic deve ser bem recebida pela sociedade, desde que
seja vista como o início de um
processo de queda continuada
dos juros, fator essencial à retomada do crédito evitando, assim, maior freada da atividade
econômica no Brasil".
Para a Associação Comercial
de São Paulo, a decisão "decepcionou o lado real da economia". Alencar Burti, presidente
da entidade, diz que os empresários esperavam corte da taxa,
"tendo em vista a forte retração
do crédito, o aumento dos juros
e a redução de prazos de financiamento, que vêm afetando as
vendas do varejo, provocando
redução da produção e de horas
trabalhadas em muitos segmentos, com risco de levar à
demissão de trabalhadores".
Armando Monteiro Neto,
presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria)
classifica a decisão de interromper o ciclo de elevação dos
juros como "sensata". "Reduzir
os compulsórios, liberar recursos para o sistema interbancário e interromper o ciclo de alta
dos juros são ações corretas
que buscam diminuir os impactos do empoçamento de liquidez", avalia. "Mas essas medidas podem não ser suficientes."
Para a Abdib (indústria de
base), a decisão foi coerente e
responsável. "O cenário econômico interno e externo mudou
bruscamente nas últimas semanas, exigindo outras ações
de política econômica, diferentes daquelas que vinham sendo
adotadas. Tão importante
quanto manter a inflação sob
controle é agir para manter níveis razoáveis de crescimento
econômico neste e no próximo
ano, o que não significa atentar
para um e descuidar do outro."
Abram Szajman, presidente
da Fecomercio, diz que o Copom acerta ao levar em conta o
risco de recessão, mas espera
que, já na próxima reunião,
prevista para dezembro, possa
ser iniciado o processo de redução da taxa básica. "Se o governo não reduzir os juros, setores
industriais dependentes de
crédito, voltados apenas para
atender o mercado interno, são
os que sofrerão mais. É o caso
do setor automobilístico e da
construção civil, justamente
aqueles que o governo considera como os mais relevantes para manter o ritmo de atividade
e o nível de emprego", diz.
Para a Força Sindical, a decisão reflete a "insensatez" da
equipe econômica e vai prejudicar os trabalhadores. A CUT
chamou a decisão de "conservadora" e avalia que o Brasil
"precisa baixar de forma agressiva os juros e diminuir o superávit primário". Para a CTB, o
BC "joga contra o desenvolvimento nacional". A UGT
apoiou a decisão do BC, embora
reconheça que não é "a ideal".
Texto Anterior: BC busca estabilizar crédito, diz analista Próximo Texto: Taxa real do Brasil segue no topo mundial Índice
|