São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 2000

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CRÉDITO
Média é de 150,52%, mais de nove vezes o custo da taxa básica, de 16,5%
Cheque especial mantém juros altos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os juros do cheque especial subiram 0,82 ponto percentual ao ano em outubro se comparado a setembro. O correntista que apelar para o cheque especial pagará, em média, 150,52% ao ano -mais de nove vezes o custo da taxa Selic, que está em 16,5%.
A taxa de juros em geral apresentou pequena queda de junho a outubro deste ano: 3,23 pontos percentuais ao ano. A taxa final média verificada em outubro foi de 53,38% ao ano.
Os dados foram divulgados ontem pelo Banco Central, com base no levantamento mensal feito pela instituição com os bancos.
O presidente do BC, Armínio Fraga, anunciou o que chamou de "declaração de intenções" para reduzir a diferença entre a Selic e o custo final do empréstimo.
"A realidade não nos agrada. Temos condições de melhorar", disse Fraga. As medidas, que em sua maioria dependem de aprovação do Congresso e de outros setores do governo, devem entrar em vigor até março de 2001.
Segundo o diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, algumas medidas podem ser tomadas ainda este ano. Uma delas é o direito de o correntista levar de um banco para outro suas informações cadastrais.
"O correntista que tem informações positivas, um histórico bom, é um bom pagador e pode se beneficiar disso."
O BC também pretende, ainda neste ano, obrigar os bancos a destacar no extrato mensal quanto o cliente terá de pagar de juros do cheque especial. A intenção é despertar o correntista para o alto custo desse tipo de crédito.
Lei de Falências No início do próximo ano, declarou Fraga, o BC deverá apresentar ao Congresso proposta para modificar a Lei de Falências. Serão duas as alterações na lei.
A primeira vai determinar que, em caso de falência, as garantias oferecidas pelas empresas ao tomar empréstimos não serão incorporadas à massa falida.
Com a segunda mudança, as instituições financeiras poderão liquidar dívidas de pessoa física ou jurídica com as aplicações que os tomadores têm com o banco.
Fraga destacou que 80% do crédito no país é concedido sem garantias efetivas, o que torna os empréstimos mais caros. "O bom pagador está pagando pelo mau", comentou Figueiredo.



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