São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 2006

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Redução na taxa é tímida e atrapalha o crescimento, dizem indústria e sindicatos

DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão de cortar em 0,5 ponto percentual os juros frustrou as expectativas de representantes da indústria, do comércio e dos trabalhadores, que esperavam redução mais acentuada. Segundo dizem, isso deve comprometer o resultado da economia em 2007.
Para a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), faltou "visão histórica e geopolítica ao Copom". Em nota, o presidente da entidade, Paulo Skaf, afirmou que "a queda vai tornando impossível ao Brasil reverter a amarga previsão que acaba de fazer a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), de que a expansão do PIB brasileiro não deverá passar de 3,1% em 2006, 3,8% em 2007 e 4% em 2008". Juros de 13,25% ao ano "inviabilizam a retomada do crescimento sustentado da economia já no início de 2007", segundo a Fiesp.
Na avaliação do presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro Neto, a redução de meio ponto percentual "é o mínimo admissível, tendo em vista as condições do ambiente macroeconômico e a ausência de pressões inflacionárias".
A Abdib (associação que reúne indústrias de base) considera que a redução é positiva, mas poderia ser mais acelerada para criar "um bom ambiente para os investimentos e para a produção com a redução de dois pontos percentuais em duas reuniões seguidas".
A Federação do Comércio do Estado de São Paulo cobrou "ousadia" do BC em 2007. "O maior desafio para o BC agora é o de estimular a concorrência bancária para que a redução da Selic chegue ao consumidor. Em 2006, os bancos tiveram mais um ano de lucros recordes, porém o financiamento manteve-se inacessível para os pequenos e microempresários", afirmou Abram Szajman, presidente da entidade.
"Tanto os indicadores de inflação como da atividade econômica justificam essa decisão, já esperada pelo mercado. Vamos aguardar agora que a ata confirme que essa tendência de queda continuará", diz Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo.
Para a Força Sindical, a decisão tomada pelo BC é "nefasta" para o país e "compromete o primeiro semestre de 2007".
A CUT considera a taxa básica de juros "alta demais" e espera que a rolagem da dívida pública "não impeça a conquista de um salário mínimo de R$ 420 em março de 2007".


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