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INFLAÇÃO
Reajuste de preços foi bem mais forte no atacado, com alta de 15,09%; para consumidores, índice registrou aumento de 6,2%
Aço e petróleo levam IGP-M a 12,41% no ano
JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
O choque do petróleo, a alta
continuada dos preços dos produtos siderúrgicos e o aumento
das tarifas em 2004 levaram o
IGP-M (Índice Geral de Preços do
Mercado) a encerrar o ano em
12,41%. No ano passado, o índice
teve alta de 8,71%.
A alta desses produtos causou
um descompasso entre a inflação
do atacado e do varejo. No ano, o
IPA (Índice de Preços do Atacado) registrou alta de 15,09%. Já o
IPC (Índice de Preços ao Consumidor) acumulou alta de 6,20%.
"A siderurgia foi o grupo que
exerceu maior influência sobre a
inflação neste ano", afirmou o
coordenador de Análises Econômicas da FGV (Fundação Getúlio
Vargas), Salomão Quadros.
O impacto da valorização de
ferro, aço e derivados, que subiram 59,28% em 2004, pode ser verificado também na construção
civil. O INCC (Índice Nacional de
Custos da Construção) avançou
10,94%. Tradicionalmente, o indicador acompanha o resultado da
inflação no varejo, mas neste ano
sofreu a influência da alta do aço
sobre os materiais de construção.
Quadros não descarta novos aumentos para 2005, mas afirma
que o impacto deverá ser menor.
"Se o preço da siderurgia no
mercado interno continuar subindo, vai chegar uma hora que
sairá mais barato importar. O preço internacional vai exercer um limite e é possível que este referencial já esteja muito próximo de ser
atingido", disse.
Outro foco de pressão no atacado foi a valorização do petróleo, o
que afetou os preços de produtos
petroquímicos e combustíveis. As
matérias plásticas subiram
49,61%. Combustíveis e lubrificantes tiveram alta de 20,94%. Os
produtos com maior variação foram o querosene para aviação,
com 45,74%, e o álcool, com
42,68%. A gasolina no atacado subiu 14,68% e o diesel, 19,29%.
Já os preços dos produtos agrícolas tiveram comportamento
oposto em 2004 e contribuíram
para segurar a inflação no atacado
mesmo em períodos de entressafra. Eles subiram apenas 2,29%.
Apesar da valorização dos preços da indústria no atacado, Quadros descartou a hipótese de um
repasse acentuado para o consumidor. O economista afirma que
as maiores altas foram de produtos ainda no estágio inicial do
processo produtivo, como químicos e siderúrgicos. "Essa distância
grande entre atacado e varejo não
significa necessariamente uma
transmissão de preços para o consumidor", disse.
No varejo, a alta dos combustíveis e o reajuste dos serviços administrados, como telefonia e
energia, contribuíram para pressionar o indicador. A maior influência veio da telefonia fixa, que
acumulou alta de 13,44%, com o
aumento autorizado pela Justiça
para corrigir a diferença entre o
índice oficial de inflação e o índice
previsto em contrato, o IGP-DI
(Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna).
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