São Paulo, quinta-feira, 30 de dezembro de 2004

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INFLAÇÃO

Reajuste de preços foi bem mais forte no atacado, com alta de 15,09%; para consumidores, índice registrou aumento de 6,2%

Aço e petróleo levam IGP-M a 12,41% no ano

JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

O choque do petróleo, a alta continuada dos preços dos produtos siderúrgicos e o aumento das tarifas em 2004 levaram o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) a encerrar o ano em 12,41%. No ano passado, o índice teve alta de 8,71%.
A alta desses produtos causou um descompasso entre a inflação do atacado e do varejo. No ano, o IPA (Índice de Preços do Atacado) registrou alta de 15,09%. Já o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) acumulou alta de 6,20%.
"A siderurgia foi o grupo que exerceu maior influência sobre a inflação neste ano", afirmou o coordenador de Análises Econômicas da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Salomão Quadros.
O impacto da valorização de ferro, aço e derivados, que subiram 59,28% em 2004, pode ser verificado também na construção civil. O INCC (Índice Nacional de Custos da Construção) avançou 10,94%. Tradicionalmente, o indicador acompanha o resultado da inflação no varejo, mas neste ano sofreu a influência da alta do aço sobre os materiais de construção. Quadros não descarta novos aumentos para 2005, mas afirma que o impacto deverá ser menor.
"Se o preço da siderurgia no mercado interno continuar subindo, vai chegar uma hora que sairá mais barato importar. O preço internacional vai exercer um limite e é possível que este referencial já esteja muito próximo de ser atingido", disse.
Outro foco de pressão no atacado foi a valorização do petróleo, o que afetou os preços de produtos petroquímicos e combustíveis. As matérias plásticas subiram 49,61%. Combustíveis e lubrificantes tiveram alta de 20,94%. Os produtos com maior variação foram o querosene para aviação, com 45,74%, e o álcool, com 42,68%. A gasolina no atacado subiu 14,68% e o diesel, 19,29%.
Já os preços dos produtos agrícolas tiveram comportamento oposto em 2004 e contribuíram para segurar a inflação no atacado mesmo em períodos de entressafra. Eles subiram apenas 2,29%.
Apesar da valorização dos preços da indústria no atacado, Quadros descartou a hipótese de um repasse acentuado para o consumidor. O economista afirma que as maiores altas foram de produtos ainda no estágio inicial do processo produtivo, como químicos e siderúrgicos. "Essa distância grande entre atacado e varejo não significa necessariamente uma transmissão de preços para o consumidor", disse.
No varejo, a alta dos combustíveis e o reajuste dos serviços administrados, como telefonia e energia, contribuíram para pressionar o indicador. A maior influência veio da telefonia fixa, que acumulou alta de 13,44%, com o aumento autorizado pela Justiça para corrigir a diferença entre o índice oficial de inflação e o índice previsto em contrato, o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna).

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