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País deve abrir 2,5 milhões de vagas em 2008
Para economistas, geração de empregos formais e informais deve ficar abaixo do registrado em 2007, mas com ritmo ainda forte
Previsão leva em conta um
desempenho da economia
semelhante ao deste ano;
renda não se recuperou
totalmente, diz especialista
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Se a economia brasileira começar 2008 com desempenho
no mínimo igual ao deste ano, é
razoável estimar a criação de
até 2,5 milhões de empregos
formais e informais no país no
ano que vem, segundo economistas consultados pela Folha.
O número é inferior ao que
especialistas estimam para este
ano: a criação de 2,7 milhões de
empregos formais e informais,
mesmo nível de 2004. Mas,
ainda assim, consideram esse
número surpreendente.
"A criação de cerca de 2,5 milhões de empregos em 2008 é
compatível com o crescimento
da economia previsto para o
ano que vem, entre 5% e 5,5%",
afirma Marcio Pochmann, presidente do Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada).
"A criação de empregos deve
bater recorde em 2007. Se o
país criar mais 2,5 milhões de
empregos em 2008, o que seria
manter a média dos últimos
quatro anos, seria surpreendente", diz Marcelo Neri, economista-chefe do Centro de
Políticas Sociais da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Os milhões de empregos possíveis de serem criados estão
baseados principalmente nos
investimentos previstos em infra-estrutura (saneamento),
construção civil pesada e habitacional, estradas, hidrelétricas
e em indústrias para aumentar
capacidade de produção.
"Haverá eleições municipais
em 2008. É bem provável que
as prefeituras aumentem os investimentos em obras públicas
e em mão-de-obra", diz Clemente Ganz Lúcio, diretor do
Dieese em São Paulo. "Deve ser
um ano com crescimento de
emprego em todos os setores."
De 1997 a 2005, o mercado
de trabalho no Brasil registrou
um dos seus piores momentos,
com redução real de salários.
Desde 2004 o emprego e também a renda do trabalhador
vêm se recuperando. "O emprego já se recuperou, e a renda, ainda não", afirma Neri.
Em 2004, foram criados 2,7
milhões de empregos formais e
informais no país. Em 2005,
2,5 milhões. Em 2006, 2,1 milhões. Em 2007, esse número
deve chegar a 2,7 milhões, com
base em dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios), do IBGE.
Para Neri, da FGV, a qualidade do emprego melhorou porque parte significativa das vagas criadas, especialmente neste ano, é formal -com carteira
assinada.
"Faz muito tempo que não
vemos no país um crescimento
de emprego tão seqüenciado
como esse que vemos desde
2004. E o interessante é que
esse movimento atinge todos
os setores da economia. É muito importante chamar a atenção para a necessidade de requalificação da mão-de-obra,
porque as oportunidades de
trabalho estão se multiplicando", afirma Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.
Economistas e especialistas
em mercado de trabalho vêem
para 2008 aumento no emprego especializado em todas as
áreas, já que as fábricas estão
aprimorando cada vez mais
seus meios de produção.
Operar uma máquina numa
indústria automobilística ou
produzir um televisor exige hoje muito mais conhecimento
do empregado do que há dois
ou três anos, de acordo com os
economistas consultados.
"Esses investimentos feitos
pelas indústrias em modernização vão levar à reorganização
do sistema de emprego, que terá de ser cada vez mais qualificado no país", diz Pochmann.
"O mercado de trabalho atravessa hoje uma situação favorável e a expectativa é que isso
venha a se perpetuar em 2008.
O percentual de trabalhadores
com carteira assinada, que hoje
é de 42% sobre a população
ocupada [21,3 milhões de pessoas], deve continuar subindo",
afirma Cimar Azeredo Pereira,
gerente da integração da Pesquisa Mensal de Emprego
(PME) e da Pnad, do IBGE.
Na estimativa de Fábio Romão, da LCA Consultores, o total de empregos formais criados no país -considerando os
dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do
Trabalho- deve chegar neste
ano a 1,689 milhão. Para o próximo ano, a previsão é que chegue a 1,568 milhão de vagas.
"O resultado deve ser um
pouco inferior ao previsto para
este ano porque se estima que o
país vá crescer menos em
2008. Para este ano, o PIB deve
ficar em torno de 5,2%. Em
2008, deve ser de 4,5%. A projeção de aumento da produção
física industrial também é inferior para 2008. Neste ano estima-se que tenha crescido cerca
de 6% e para o ano que vem a
projeção é de 5%", diz Romão.
Um dos setores que devem
ter forte expansão no emprego
em 2008, a exemplo do que
ocorreu neste ano, é o da construção civil. Em 2006 foram
abertas 85,8 mil vagas nesse setor. Em 2007, mais 191,4 mil
empregos deverão ser criados.
"Tradicionalmente, a construção civil responde com defasagem de seis meses a um ano
nos investimentos feitos no setor. A expansão do emprego
agora é resultado dos investimentos feitos desde o fim de
2006", diz Romão. Para 2008, a
estimativa é que sejam criadas
204,1 mil vagas no setor.
Na indústria, o destaque na
geração de vagas deve ficar com
dois segmentos: o de açúcar e
álcool, impulsionado principalmente pela venda de veículos
do modelo flex, e o de alimentos e bebidas. "O emprego deve
aumentar nesse setor porque a
produção de alimentos também cresce com a melhoria na
renda e no consumo das famílias", afirma o economista da
LCA Consultores.
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