DE BUENOS AIRES

O governo da Argentina, por meio do porta-voz da presidência, Ricardo Ostuni, reclamou ontem das declarações feitas pelo novo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Lafer, de que o sistema de conversibilidade é ""um nó que os argentinos precisam desatar".
As declarações de Lafer foram feitas em entrevista à Folha, publicada na edição de anteontem.
""Cabe aos argentinos desatar este nó", disse o ministro, quando indagado sobre a política cambial.
""Este é um problema interno, que diz respeito somente ao país. Um funcionário de outro país não pode fazer esse tipo de comentário", revidou ontem o porta-voz argentino.

Paridade
Desde 1991, a Argentina convive com o sistema que estabeleceu a paridade de um para um entre o peso e o dólar. A estratégia adotada pelo então ministro Domingo Cavallo teve êxito no combate à inflação estelar, mas impôs ao país duros problemas para manter a competitividade -o que acaba refletido em uma recessão que já se estende por 30 meses.
A sobrevalorização do peso também causa problemas na relações com o Brasil, principal parceiro do Mercosul e destino da maior parte das exportações argentinas. Os brasileiros argumentam ainda que, enquanto perdurar o sistema de paridade na Argentina, mais longe estará a possibilidade da implantação de uma moeda única, como o euro.
A Chancelaria da Argentina informou que ainda ontem deveria divulgar uma nota sobre as declarações de Lafer, que fará uma visita ao país no próximo dia 12. (JOSÉ ALAN DIAS)


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