UOL


São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ECONOMIA DE GUERRA

Consumo esfria, e PIB cresce apenas 0,7% no 4º trimestre de 2002; no ano, expansão fica em 2,4%

EUA têm nova freada, mas evitam recessão

DA REDAÇÃO

A economia dos EUA sofreu uma abrupta freada no final do ano passado, sob o impacto de uma deterioração do consumo ante o cenário de incertezas e possível ataque militar ao Iraque. O país não tinha um quarto trimestre tão ruim em mais de dez anos, mas evitou, ao menos por ora, um novo mergulho recessivo.
Segundo a primeira estimativa do Departamento de Comércio dos EUA, que ainda será revista, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu a um ritmo anualizado de 0,7% nos três últimos meses de 2002, um pouco abaixo das estimativas -que eram de 0,9%.
Houve uma acentuada queda em relação ao avanço de 4% registrado no trimestre anterior. A taxa é a pior para um quarto trimestre desde o recuo de 3,2% registrado no mesmo período de 1990 (quando os EUA se preparavam para a atacar o Iraque, que tinha acabado de invadir o Kuait).
O crescimento do último trimestre é o menor desde o terceiro trimestre de 2001, quando ocorreu uma contração de 0,3%. "Os principais fatores para a desaceleração foram a redução nos gastos dos consumidores e as quedas nos investimentos em estoques e nas exportações", anunciou o Departamento de Comércio.
O desempenho só não foi ainda mais modesto porque houve um expressivo aumento de 4,6% nos gastos do setor público. O consumo da população também permaneceu elevado, ainda que tenha dado sinais de desgaste.
"A montanha-russa continua", disse o consultor Joel Naroff. "A economia não consegue manter um crescimento estável."
Para todo o ano de 2002, a taxa de crescimento da economia ficou em 2,4%. O número é superior ao registrado em 2001 (0,3%), quando o país estava em recessão, mas inferior ao desempenho de 2001 (3,8%).
Para os economistas, preocupa o fato de que a expansão econômica tenha se concentrado no primeiro semestre. Na segunda metade do ano, ocorreu uma brusca freada. Pelos números divulgados ontem, a atividade encerrou o ano praticamente estagnada, deixando a economia à beira de um novo período de contração.
O consumo, responsável por dois terços do PIB e bastião econômico mesmo durante a recessão e após o choque dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, apresentou um avanço de apenas 1% entre outubro e dezembro. Trata-se da menor taxa em praticamente dez anos. No terceiro trimestre havia ocorrido um crescimento de 4,2%.
As vendas de bens duráveis sofreram uma queda anualizada de 7,3% no trimestre. O recuo é o maior para a categoria desde 1991.
O único aspecto positivo do relatório apresentado pelo Departamento de Comércio foi a retomada dos investimentos empresariais (avanço de 1,5%), o que sugere que as companhias retomaram, ainda que de maneira tímida, os gastos em aumento da produção. O indicador vinha de uma série de oito trimestres seguidos de retração, uma consequência do excesso de oferta herdado do período de "boom" econômico.
Mas os investimentos se concentraram em equipamentos. As companhias continuaram a reduzir os gastos em novas instalações. De resto, boa parte do ganho veio das encomendas do setor militar.

Abaixo do mínimo
Na opinião dos economistas, que se apóiam nos mais recentes indicadores, o ritmo de crescimento teria se recuperado um pouco neste início de ano, mas estaria abaixo dos 3% que seriam necessários para impedir o aumento do desemprego.
Anteontem, por exemplo, divulgou-se que a confiança dos consumidores do país é a mais baixa dos últimos nove anos. O sentimento da população caiu por causa da piora no mercado de trabalho e da ameaça de guerra. Com isso, as pessoas tendem a gastar menos, o que, por sua vez, afeta a atividade econômica.


Com agências internacionais


Texto Anterior: O vaivém das commodities
Próximo Texto: Bush, de olho nas eleições, recebe números do PIB com preocupação
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.