|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ECONOMIA DE GUERRA
Consumo esfria, e PIB cresce apenas 0,7% no 4º trimestre de 2002; no ano, expansão fica em 2,4%
EUA têm nova freada, mas evitam recessão
DA REDAÇÃO
A economia dos EUA sofreu
uma abrupta freada no final do
ano passado, sob o impacto de
uma deterioração do consumo
ante o cenário de incertezas e possível ataque militar ao Iraque. O
país não tinha um quarto trimestre tão ruim em mais de dez anos,
mas evitou, ao menos por ora, um
novo mergulho recessivo.
Segundo a primeira estimativa
do Departamento de Comércio
dos EUA, que ainda será revista, o
PIB (Produto Interno Bruto) cresceu a um ritmo anualizado de
0,7% nos três últimos meses de
2002, um pouco abaixo das estimativas -que eram de 0,9%.
Houve uma acentuada queda
em relação ao avanço de 4% registrado no trimestre anterior. A taxa é a pior para um quarto trimestre desde o recuo de 3,2% registrado no mesmo período de 1990
(quando os EUA se preparavam
para a atacar o Iraque, que tinha
acabado de invadir o Kuait).
O crescimento do último trimestre é o menor desde o terceiro
trimestre de 2001, quando ocorreu uma contração de 0,3%. "Os
principais fatores para a desaceleração foram a redução nos gastos
dos consumidores e as quedas
nos investimentos em estoques e
nas exportações", anunciou o Departamento de Comércio.
O desempenho só não foi ainda
mais modesto porque houve um
expressivo aumento de 4,6% nos
gastos do setor público. O consumo da população também permaneceu elevado, ainda que tenha dado sinais de desgaste.
"A montanha-russa continua",
disse o consultor Joel Naroff. "A
economia não consegue manter
um crescimento estável."
Para todo o ano de 2002, a taxa
de crescimento da economia ficou em 2,4%. O número é superior ao registrado em 2001 (0,3%),
quando o país estava em recessão,
mas inferior ao desempenho de
2001 (3,8%).
Para os economistas, preocupa
o fato de que a expansão econômica tenha se concentrado no primeiro semestre. Na segunda metade do ano, ocorreu uma brusca
freada. Pelos números divulgados
ontem, a atividade encerrou o ano
praticamente estagnada, deixando a economia à beira de um novo
período de contração.
O consumo, responsável por
dois terços do PIB e bastião econômico mesmo durante a recessão e após o choque dos ataques
terroristas de 11 de setembro de
2001, apresentou um avanço de
apenas 1% entre outubro e dezembro. Trata-se da menor taxa
em praticamente dez anos. No
terceiro trimestre havia ocorrido
um crescimento de 4,2%.
As vendas de bens duráveis sofreram uma queda anualizada de
7,3% no trimestre. O recuo é o
maior para a categoria desde 1991.
O único aspecto positivo do relatório apresentado pelo Departamento de Comércio foi a retomada dos investimentos empresariais (avanço de 1,5%), o que sugere que as companhias retomaram,
ainda que de maneira tímida, os
gastos em aumento da produção.
O indicador vinha de uma série de
oito trimestres seguidos de retração, uma consequência do excesso de oferta herdado do período
de "boom" econômico.
Mas os investimentos se concentraram em equipamentos. As
companhias continuaram a reduzir os gastos em novas instalações.
De resto, boa parte do ganho veio
das encomendas do setor militar.
Abaixo do mínimo
Na opinião dos economistas,
que se apóiam nos mais recentes
indicadores, o ritmo de crescimento teria se recuperado um
pouco neste início de ano, mas estaria abaixo dos 3% que seriam
necessários para impedir o aumento do desemprego.
Anteontem, por exemplo, divulgou-se que a confiança dos
consumidores do país é a mais
baixa dos últimos nove anos. O
sentimento da população caiu por
causa da piora no mercado de trabalho e da ameaça de guerra. Com
isso, as pessoas tendem a gastar
menos, o que, por sua vez, afeta a
atividade econômica.
Com agências internacionais
Texto Anterior: O vaivém das commodities Próximo Texto: Bush, de olho nas eleições, recebe números do PIB com preocupação Índice
|