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Faturamento de supermercados cai 1,6%
Apesar de um aumento de 5% no volume de produtos vendidos no ano passado, resultado não elevou a receita de lojas
Para 2007, setor espera que faturamento e quantidade comercializada cresçam juntos; na era Lula, setor teve queda de 3% na receita
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No ano do Bolsa Família e do
salário mínimo mais gordos, os
brasileiros compraram quantidades maiores de itens nos supermercados. A alta foi de 5%
em 2006 em relação ao ano anterior, segundo cálculo inicial
apresentado ontem pela Abras,
entidade do setor. Não se trata
de um resultado turbinado por
uma base de comparação fraca.
Em 2005, também foi registrada elevação de 5% no volume
comercializado sobre 2004.
Portanto, o carrinho de compras ficou mais cheio.
A expansão não se traduziu,
entretanto, em receita maior
para os supermercados. Aí está
a reclamação do setor. "Volume
maior, para nós, não resolve. A
questão é resultado, e, com
uma venda nesse patamar, ficamos patinando numa margem
de lucro de 1,7%, 1,8%", diz Sussumu Honda, presidente da entidade recém-empossado.
De acordo com a Abras, houve queda de 1,65% no faturamento real do segmento no ano
passado sobre 2005 -quando a
expansão foi de apenas 0,66%.
O Carrefour, segunda maior supermercadista do Brasil, informou em comunicado que não
registrou aumento nas vendas
no país na base "mesmas lojas"
-unidades que já estavam
abertas em 2005. Foi a abertura de novos pontos que fez a rede francesa ampliar as vendas
em 7,3% em 2006.
A Folha apurou que a queda
de 1,65% na receita no ano passado foi o pior resultado das lojas desde 2003, quando a retração foi de 4,2%. Meses atrás o
setor estava mais otimista: previa crescimento de 2,5% na receita real de 2006. As estimativas foram sendo revistas até a
última previsão anunciada pela
associação, de estabilidade nas
vendas. Foi a deflação nos preços -que impulsiona o consumo, mas não aumenta a receita
da loja- que afetou o desempenho, afirma Honda.
Segundo João Carlos de Oliveira, ex-presidente da Abras,
nos primeiros quatro anos de
governo Lula houve uma queda
mais acelerada na receita das
lojas em comparação ao segundo período da era FHC (1999 a
2002). A Folha apurou que,
nesse intervalo, as vendas caíram 2,13% e, de 2003 a 2006, a
retração foi de 3,02%.
O volume maior de produtos
vendidos é reflexo de um consumo crescente de alguns itens
na era Lula. Dados da consultoria ACNielsen mostram que, de
2003 a outubro de 2006, cresceu a quantidade vendida de
produtos industrializados e
itens de limpeza.
Para este ano, a Abras estima
um crescimento de 3% a 4% no
faturamento do setor, com expansão no volume próxima a
5%. Uma alta na renda do trabalhador, proveniente da recuperação do setor agrícola e dos
investimentos do governo em
infra-estrutura, pode ajudar
nos resultados.
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