São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

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Faturamento de supermercados cai 1,6%

Apesar de um aumento de 5% no volume de produtos vendidos no ano passado, resultado não elevou a receita de lojas

Para 2007, setor espera que faturamento e quantidade comercializada cresçam juntos; na era Lula, setor teve queda de 3% na receita


ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No ano do Bolsa Família e do salário mínimo mais gordos, os brasileiros compraram quantidades maiores de itens nos supermercados. A alta foi de 5% em 2006 em relação ao ano anterior, segundo cálculo inicial apresentado ontem pela Abras, entidade do setor. Não se trata de um resultado turbinado por uma base de comparação fraca. Em 2005, também foi registrada elevação de 5% no volume comercializado sobre 2004. Portanto, o carrinho de compras ficou mais cheio.
A expansão não se traduziu, entretanto, em receita maior para os supermercados. Aí está a reclamação do setor. "Volume maior, para nós, não resolve. A questão é resultado, e, com uma venda nesse patamar, ficamos patinando numa margem de lucro de 1,7%, 1,8%", diz Sussumu Honda, presidente da entidade recém-empossado.
De acordo com a Abras, houve queda de 1,65% no faturamento real do segmento no ano passado sobre 2005 -quando a expansão foi de apenas 0,66%. O Carrefour, segunda maior supermercadista do Brasil, informou em comunicado que não registrou aumento nas vendas no país na base "mesmas lojas" -unidades que já estavam abertas em 2005. Foi a abertura de novos pontos que fez a rede francesa ampliar as vendas em 7,3% em 2006.
A Folha apurou que a queda de 1,65% na receita no ano passado foi o pior resultado das lojas desde 2003, quando a retração foi de 4,2%. Meses atrás o setor estava mais otimista: previa crescimento de 2,5% na receita real de 2006. As estimativas foram sendo revistas até a última previsão anunciada pela associação, de estabilidade nas vendas. Foi a deflação nos preços -que impulsiona o consumo, mas não aumenta a receita da loja- que afetou o desempenho, afirma Honda.
Segundo João Carlos de Oliveira, ex-presidente da Abras, nos primeiros quatro anos de governo Lula houve uma queda mais acelerada na receita das lojas em comparação ao segundo período da era FHC (1999 a 2002). A Folha apurou que, nesse intervalo, as vendas caíram 2,13% e, de 2003 a 2006, a retração foi de 3,02%.
O volume maior de produtos vendidos é reflexo de um consumo crescente de alguns itens na era Lula. Dados da consultoria ACNielsen mostram que, de 2003 a outubro de 2006, cresceu a quantidade vendida de produtos industrializados e itens de limpeza.
Para este ano, a Abras estima um crescimento de 3% a 4% no faturamento do setor, com expansão no volume próxima a 5%. Uma alta na renda do trabalhador, proveniente da recuperação do setor agrícola e dos investimentos do governo em infra-estrutura, pode ajudar nos resultados.


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