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Fed corta os juros pela segunda vez em oito dias e sinaliza mais reduções
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de cortar os juros em
0,75 ponto percentual na semana passada, numa reunião extraordinária, o comitê de política monetária do Fed (Federal
Reserve, banco central americano) voltou a agir ontem no
seu encontro regular, ao reduzir a taxa básica em mais 0,5
ponto, para 3% ao ano -o menor nível desde maio de 2005.
Os analistas prevêem mais
reduções de juros no curto prazo. As apostas são que o Fed
continuará efetuando cortes de
tamanhos menores até que a
taxa básica fique entre 2,5% e
2% em junho. "O comitê seguirá monitorando os efeitos dos
problemas financeiros e outros
sobre as condições econômicas
e agirá quando necessário para
enfrentar tais riscos", afirmou
o comunicado da instituição.
A decisão não foi unânime:
um dos dez membros do grupo
preferia que não houvesse alteração. "O mercado financeiro
continua sob considerável estresse e o crédito ficou mais difícil para algumas empresas e
famílias. Além disso, informações recentes indicam um aumento da contração no setor
imobiliário assim como um enfraquecimento do mercado de
trabalho", explicou o Fed em
comunicado, deixando claro
que a desaceleração agora
preocupa mais do que as possíveis pressões inflacionárias.
Logo em seguida ao anúncio
do novo corte de juros, Wall
Street reagiu de forma positiva:
a Bolsa de Nova York chegou a
subir mais de 1%, mas encerrou
o dia com baixa de 0,3%, sob o
temor de que as agências de
classificação de risco iriam rebaixar ainda ontem as notas de
empresas de seguro de crédito
(leia à pág. B5). A Nasdaq fechou em queda de 0,38%.
Os números do PIB divulgados pela manhã serviram um
pouco como resposta aos críticos que acusavam o Fed de estar atuando principalmente devido ao pânico entre os investidores: a economia americana
cresceu apenas 0,6% no último
trimestre de 2007. "Os indicadores de renda, emprego e produção industrial ainda se mostram contraditórios, mas a tendência para a qual apontam
certamente não é boa", comenta Tom Higgins, economista-chefe da consultoria em investimentos Payden & Rygel.
E, se os índices de atividade
piorarem, acaba o bom humor
do mercado. "Provavelmente
enfrentaremos mais turbulências, até porque a redução da taxa básica demora ao menos seis
meses para fazer efeito", diz
Gary Webb, da gestora de recursos Webb Financial Group.
O Fed deu início à série de
cortes em setembro, diante dos
sinais de que a crise no mercado de hipotecas de alto risco
("subprime") provocada pelo
aumento da inadimplência poderia contaminar outros setores da economia americana.
Reduzindo os juros, a autoridade monetária espera primeiramente aliviar a situação dos
mutuários cujas mensalidades
subiram demais. Adicionalmente, quer melhorar as condições de empréstimos para empresas e consumidores -estes
últimos respondem por cerca
de dois terços do PIB dos EUA.
Pacote
O governo George W. Bush
também agiu: lançou pacote de
estímulo à economia que dá
US$ 146 bilhões em isenções
tributárias para pessoas jurídicas e restituições para pessoas
físicas, o qual foi aprovado pelo
Congresso na terça. "Todos estão se esforçando e isso ajuda.
Caso de fato entremos em recessão, ela deve ser menos grave e mais curta", diz Richard
Golinski, diretor financeiro da
consultoria Bingham, Osborn
& Scarborough. "Porém, trata-se de uma crise estrutural e essas medidas são só paliativos.
Precisamos de regulação e leis
rígidas e que o governo e o Fed
prestem mais atenção à formação de bolhas como a do segmento imobiliário."
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